Conheça alternativas para fazer a gestão dos resíduos orgânicos em casa
Cidades no Brasil estão tornando obrigatória a separação dos biorresíduos para estimular a compostagem e reduzir gastos públicos e impactos ambientais

Desde abril, os moradores de Nova York são obrigados a separar os resíduos orgânicos gerados em casa do lixo comum e dos materiais recicláveis. A prefeitura local disponibiliza recipientes próprios para que a população de todos os distritos deposite os biorresíduos (restos de alimentos, guardanapos de papel, podas de jardim etc.), que são coletados semanalmente. A medida, que prevê multas de US$ 25 a US$ 300 para quem descumprir a lei, visa ajudar a cidade a atingir a meta climática de reduzir 90% dos resíduos enviados a aterros até 2030.
Assim como na megalópole, a emergência climática tem aumentado o número de cidades que estão criando leis e programas voltados à gestão desses resíduos. As novidades envolvem a obrigatoriedade da triagem – como ocorre em Seattle, em San Francisco e em toda a França (desde janeiro de 2024) – e outras medidas ainda mais criativas. Na Bélgica, por exemplo, a prefeitura de Mouscron, Antuérpia e Limburg conseguiu reduzir o volume de resíduos orgânicos em aterros através da distribuição de galinhas a famílias da região – que assinavam um acordo em que afirmavam ter espaço suficiente e condições de cuidar delas por, ao menos, dois anos, oferecendo-lhes parte dos restos de alimentos gerados em casa.

Aqui no Brasil, há alguns anos, a cidade de Rancho Queimado, em Santa Catarina, de pouco mais de 3 mil habitantes, inovou e foi premiada ao doar uma composteira com minhocas para cada família, com instruções de uso e acompanhamento técnico regular. Já em Ibiraçu (PR), Florianópolis (SC), Guaxupé (MG) e Palotina (RS), os governos locais estão apostando em pátios de compostagem.
“É uma tendência mundial pensar em estratégias de compostagem em diferentes escalas. Os resíduos orgânicos geram metano quando degradados em lixões e aterros, algo bem diferente do processo de compostagem, que produz adubo que, por sua vez, sequestra carbono e inverte essa conta”, avalia Claudio Spínola, cofundador da Morada da Floresta, empresa especializada em ações, projetos e produtos que incentivam a compostagem doméstica.
Para ele, o ideal seria que cada família fizesse a compostagem em casa mesmo. “Isso reduziria os impactos ambientais e também o dinheiro público gasto em toda a logística que envolve a coleta e transporte desses resíduos, seja para um aterro ou para uma estação de compostagem”, afirma. Detalhe: atualmente, apenas 0,4% dos resíduos orgânicos produzidos no Brasil são destinados à compostagem.

Soluções simples e práticas
Em cidades que já têm programas de compostagem, apenas é necessário separar os resíduos orgânicos em um recipiente e entregar à coleta feita pela prefeitura conforme as diretrizes de cada município. Já nos centros urbanos onde esse serviço ainda não é uma política pública, algumas alternativas podem ajudar:
1- Adotar um minhocário: essa opção é indicada para casas pequenas, apartamentos, escritórios e até condomínios. Em geral, o conjunto é formado por três caixas plásticas empilhadas, sendo duas para receber resíduos orgânicos e uma, na parte mais baixa, para acomodar o chorume gerado no processo. É importante saber a média em quilogramas de resíduos produzidos, para escolher o tamanho mais adequado. Os fabricantes enviam o kit completo, com manual de uso detalhado;

2- Montar uma composteira no quintal: Há diversos modelos e maneiras de fazer em casa. Confira algumas dicas na matéria Aprenda a fazer compostagem em casa;
3- Sim, ter um galinheiro doméstico: para quem tem espaço, quintal e crianças em casa, essa é uma solução interessante e educativa. As galinhas se alimentam de restos de vegetais crus, como cascas, folhas e talos, reduzindo bastante o volume dos resíduos orgânicos da residência – e, de quebra, ainda adubam o solo, fornecem ovos e fazem um controle biológico de pragas como aranhas, escorpiões e até cobras pequenas. A internet está cheia de modelos de galinheiros domésticos criativos e muito divertidos;

4- Aderir a um plano de compostagem por assinatura: Algumas empresas oferecem serviço de retirada de resíduos orgânicos porta a porta ou em pontos de entrega voluntária, com planos mensais que variam de acordo com o volume e o local de entrega dos resíduos. Em Campinas (SP) e cidades próximas, a Guaráipu já transformou mais de 200 toneladas de biorresíduos em adubo desde que iniciou as atividades, em 2019. “Há quem comece a fazer em casa e, devido a algumas dificuldades, acabe preferindo aderir a um dos nossos planos. Mas também tem gente que começa com a compostagem por assinatura, aí se empolga ao perceber que o processo é simples e começa a fazer em casa por conta própria, o que é ótimo também”, comenta a engenheira ambiental e sanitária Luiza Corradini, idealizadora da empresa.

Benefícios da compostagem para você:
- Cozinha em ordem e mais bem-estar: separar os resíduos orgânicos em casa gera bem-estar ao proporcionar uma cozinha mais organizada e limpa, além da consciência mais tranquila e da certeza de estar fazendo algo bom para o meio ambiente;
- Alimentação mais saudável: o simples fato de separar os restos de alimentos estimula reflexões sobre o que comemos e o que desperdiçamos, incentivando uma rotina alimentar mais equilibrada e sustentável;
- Produção de adubo e mais plantas em casa: como em um círculo virtuoso, o adubo gerado na compostagem caseira gera o desejo de aproveitá-lo, cultivando mais plantas no ambiente doméstico, o que é uma atividade reconhecidamente terapêutica;
- Mais praticidade na separação dos materiais recicláveis: separando os resíduos orgânicos, fica mais fácil preparar os resíduos recicláveis para a coleta seletiva, porque tudo fica mais limpo e organizado.