Design sustentável: 10 biomateriais que você precisa conhecer
Feitas de cânhamo, algas, maçã e até batata, as novas matérias-primas surgem como alternativa ao uso do plástico
Nos últimos tempos, profissionais da área do design se dedicam a pesquisar novas formas de produzir, causando impactos mínimos ao meio ambiente. Para além de tendências, é uma questão de sobrevivência e ajuda no controle e resíduos. Assim, não falta criatividade nessa nova leva de criações, que aliam estética e responsabilidade ambiental. Chamadas de biomateriais — derivados de organismos vivos, incluindo plantas, animais e fungos —, essas inovações são o futuro do design, como você confere a seguir!
1. Biomateriais feitos de serragem de madeira
Com o objetivo de explorar o potencial de resíduos de madeira na fabricação de materiais de construção, a empresa dinamarquesa Natural Material Studio criou quatro biomateriais a partir de serragem retirada da serraria da marca de pisos Dinesen.
Os biomateriais foram exibidos no showroom da Dinesen, em Copenhague, por meio de uma instalação arquitetônica chamada Smuld, que significa “serragem” em dinamarquês. O primeiro material é um tecido flexível, feito com uma mistura de pó de madeira finamente peneirado e aparas de plaina. Para fazer o segundo material, a equipe colou serragem fina e celulose em placas de fibra de madeira para formar o isolamento.
Delicadas e semitranslúcidas telas japonesas formam o terceiro material, que também combina pó de madeira e aparas de plaina. O estúdio moldou essa combinação em folhas finas como papel e cor de caramelo. O quarto material é a primeira tentativa do estúdio de criar um painel estrutural de fibra de madeira para uso arquitetônico. É unido por um aglutinante feito de lignina – o polímero orgânico que confere resistência e rigidez à madeira – desenvolvido em colaboração com o Instituto Tecnológico Dinamarquês.
2. Tecido feito de maçã
O estúdio de design japonês Sozai Center criou o Adam Sheet, um biomaterial lavável e resistente a arranhões feito de restos de bagaço de maçã misturado com bioplástico. Chamado de biotêxtil, o material é translúcido e exibe tons terrosos. Na produção, todas as partes da fruta é usada, incluindo polpa, casca, sementes e caule.
Primeiro, o bagaço é moído até formar um pó fino, que primeiro é ajustado ao teor correto de umidade e açúcar. Depois disso, o pó é misturado com uma pequena quantidade de cloreto de polivinila (PVC) de base biológica.
3. Banquinho reciclável
Feito de resíduos de batata e serragem e com linhas robustas, o banquinho Briket tem a assinatura do designer suíço Renaud Defrancesco cria o Briket, um banco reciclável que emerge inteiramente de restos de batata e serragem. Uma curiosidade interessante, é que o banco pode ser totalmente reciclado por meio do fogo para aquecer um ambiente durante as estações frias.
A peça surgiu da pesquisa experimental de Defrancesco sobre diversos resíduos nas indústrias locais como uma tentativa de recuperar e reaproveitar esses subprodutos descartados em objetos funcionais. Para produzir o Briket, restos de serragem e resíduos de madeira são compactados com batatas. Em vez de aplicar tinta ou outros recursos de design, o designer deixou a peça em estado bruto, optando por mostrar a materialidade natural dos ingredientes originais.
4. Cadeira de cânhamo e planta marinha
Em parceria com a marca Norma Copenhagen, a dupla de designers Foersom & Hiort-Lorenzen criou uma coleção de cadeiras produzidas à base de plantas chamada Mat. São dois modelos: um feito de cânhamo e outro, que combina esse material com enguia — uma planta marinha semelhante às algas marinhas. Esses biomateriais foram usados como alternativa ao plástico moldado por injeção.
As peças foram produzidas a partir de caules de cânhamo e não de folhas, que já têm outras aplicações na produção alimentar e têxtil. Esses caules são provenientes de fazendas que normalmente tratam essa parte da planta como um resíduo. Para a cadeira com dois materiais, as fibras de cânhamo são combinadas com enguia seca, recolhida depois de ser lavada na costa dinamarquesa. A produção envolve transformar as fibras moídas de cânhamo e enguia em um material em folha, que é moldado por uma máquina de compressão.
5. Luminária de cânhamo
A luminária Superdupertube, feita de cânhamo e bioplástico de cana-de-açúcar, é resultado da parceria entre o estúdio norueguês Snøhetta e a marca de iluminação Ateljé Lyktan. Os designers testaram vários materiais diferentes antes de escolherem esses materiais.
O cânhamo é misturado com um bioplástico de ácido polilático (PLA), derivado da cana-de-açúcar, junto com celulose de madeira e diversos minerais para criar um composto livre de fósseis e gases. O material é então extrudado para criar o corpo principal da luminária. Para criar um efeito ainda mais natural, os cabos elétricos são revestidos de linho.
6. Cadeira de algas
Feita originalmente de plástico reciclado, a cadeira Kelp, criada pelo estúdio de design sueco Interesting Times Gang, ganhou uma nova versão produzida com algas marinhas. Segundo os designers, as algas desempenham um papel vital na captura de carbono e na produção de pelo menos 50% do oxigênio da Terra e, por isso, aumentar o cultivo e a utilização desse material significa ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A cadeira é feita com um tipo de alga marinha chamada Nordic Sugar Kelp, que tem coloração marrom e cresce nos oceanos Atlântico Norte e Pacífico Norte. A planta é transformada em um bioplástico impresso em 3D. A peça pode ser complementada com uma almofada, que também é produzida com material da mesma origem. Segundo a Interesting Time Gang, a cadeira é biodegradável no final da vida útil.
7. Plástico filme feito de batata
A empresa australiana de biomateriais Great Wrap criou uma alternativa ao filme plástico com um material feito de resíduos de batatas. Trata-se de amido extraído das cascas de batata, misturado com outros ingredientes, incluindo óleo de cozinha usado e mandioca.
A embalagem transparente, que vem em dispensers coloridos de plástico reciclado, tem qualidade de textura e desempenho semelhantes às do filme plástico à base de petróleo, segundo a empresa. Quando o material chega ao fim da vida útil, pode ser compostado em aterros sanitários ou sistemas de compostagem doméstica, onde os testes comprovaram que ele se decomporá em 180 dias.
8. Azulejos de milho
As empresas Circular Matters e StoneCycling se uniram para transformar espigas de milho para fazer revestimentos biodegradáveis e quase inteiramente feitos de base biológica. Disponível na forma de ladrilhos e placas, o CornWall pretende ser uma alternativa mais sustentável aos revestimentos cerâmicos ou laminados plásticos.
O material é derivado de mais de 99% de fontes biológicas renováveis, é criado a baixas temperaturas usando principalmente energia solar e emite menos dióxido de carbono na produção do que o que foi capturado pelo milho durante o crescimento. Para proporcionar uma longa vida útil aos produtos, as empresas produziram os ladrilhos com sistema de fixação mecânica, para que possam ser desmontados e reutilizados ou devolvidos à empresa para limpeza e reciclagem.
9. Tecido de bananeira
Que tal um tecido feito de banana? A empresa têxtil Bananatex desenvolveu um jersey leve e biodegradável produzido a partir da extração de fibras dos caules da bananeira Abacá. Depois disso, as fibras são cozidas até formar uma polpa, que é transformada em fio por meio de um processo de fabricação de papel. No passo seguinte, o papel é tricotado e transformado no produto final.
Ao final de seu ciclo de vida, o tecido pode ser compostado e biodegradado em 10 semanas em compostos industriais e 16 semanas em água do mar.
10. Biocerâmica
Já ouviu falar em biocerâmica? Criada pela designer Cynthia Nudel, essa técnica transforma resíduos de casca de ovo e algas em uma série de peças esculturais biodegradáveis. A profissional propõe uma alternativa mais sustentável à cerâmica tradicional.
Aproveitando resíduos orgânicos pré-utilizados, a designer confecciona uma série de vasos e potes sustentáveis que são inspirados na natureza. Enquanto as peças pretas simbolizam a destruição, os tons verdes evocam a natureza e os brancos refletem a pureza. Os tons terrosos nos lembram a nossa essência. Além disso, no final da vida útil, cada peça desintegra-se e volta à terra, fechando o ciclo.