COP 27: O que evento significou para a arquitetura e a construção civil?
A redução da emissões de carbono na construção civil e a habitação verde acessível foram algumas das principais discussões presentes na conferência
A Conferência das Partes das Nações Unidas de 2022, mais conhecida como COP27, é a reunião mais importante das Nações Unidas de combate à emergência climática.
Durante duas semanas do mês de novembro deste ano, a conferência reuniu mais de 90 chefes de estado e cerca de 35.000 representantes, ou delegados, de 190 países em Sharm El-Sheik, no Egito, em busca de ações mais enérgicas para frear o aquecimento da Terra e implementar mudanças efetivas rumo à resiliência climática.
Redução das emissões de carbono na construção civil
A COP27 reafirmou a importância de reduzir as emissões de carbono em todos os níveis. Como o setor de carbono é responsável por mais de 23% das emissões globais de GEE (Gases de Efeito Estufa) e consome mais de 30% dos recursos globais, esse assunto tem consequências importantes para a indústria de construção.
Com o aumento global da construção civil, houve uma alta histórica na emissão de carbono pelo setor e, com isso, essas edificações não devem cumprir as promessas de descarbonização até 2050, segundo o relatório divulgado pelo Pnuma, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
O documento foi apresentado durante as negociações climáticas da COP27, no Egito. O levantamento aponta que as emissões de carbono da construção civil cresceram 5% em 2021, sendo 2% maior que no pico pré-pandemia, em 2019.
Durante a conferência deste ano, foi anunciado o Clean Construction Accelerator, um ato que espera apoiar o setor de meio ambiente construído a reduzir pela metade as emissões até 2030 para todos os novos edifícios e projetos de infraestrutura.
Um relatório da Arup e do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável sugere que 50% das emissões de toda a vida dos edifícios vêm de carbono incorporado, o carbono gerado na fabricação e transporte de materiais de construção e no próprio processo de construção.
Habitação verde acessível no Sul Global
Ajudar os países do Sul Global a construir resiliência climática é um tema-chave na COP27, que é a primeira Conferência das Partes a ocorrer fora da Europa desde a COP22 de 2016 em Marrakech.
Foram lançadas campanhas para enfrentar a falta de acesso a casas seguras e decentes para as comunidades mais vulneráveis. Roof Over Our Heads visa melhorar a vida de 2 bilhões de pessoas vulneráveis ao clima que vivem em assentamentos informais até 2050.
O Guia WorldGBC para Resiliência Climática e Adaptação no Ambiente Construído também foi lançado antes da COP27 para fornecer princípios acionáveis para a implementação do clima resiliência e estratégias acionáveis em toda a cadeia de valor do ambiente construído.
No nível urbano, os signatários da Cities Race to Resilience mais do que dobraram desde 2021, uma iniciativa que busca garantir que as metas de resiliência climática sejam tratadas com a mesma urgência que a corrida global para reduzir as emissões pela metade até 2030.
“Agora estamos tendo sessões sobre comunidades rurais e construção de resiliência. Esses tipos de temas são diferentes porque a COP está no Sul Global e porque recentemente vimos muitas perdas e danos às casas das pessoas e a cidades inteiras”, disse Sara El Battouty, embaixadora das campanhas das Nações Unidas para impulsionar a descarbonização e a resiliência climática, em entrevista a Dezeen.
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