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CASACOR Paraná apresenta a maior instalação de micélio da América Latina

Revestimento sustentável feito a base de cogumelos, o micélio compõe o teto do ambiente Clube de Gourmets Evviva, assinado por Studio Architetonika Nomad

Por Nádia Sayuri Kaku
Atualizado em 30 ago 2022, 04h11 - Publicado em 17 ago 2022, 11h00
Clube de Gourmets Evviva, por Studio Architetonika Nomad. Ambiente da CASACOR Paraná 2022.
(Patrícia Amancio/CASACOR)

Quem visitou a CASACOR Paraná 2022, com certeza, reparou no teto do espaço de jantar do ambiente Clube de Gourmets Evviva, assinado por Studio Architetonika Nomad: o relevo geométrico se destacava sobre a mesa, trazendo texturas e movimento para o espaço. No entanto, a matéria-prima do revestimento é ainda mais impressionante: as placas são feitas de micélio, a parte vegetativa de um fungo – como um cogumelo – ou de uma colônia bacteriana.

“Pense que as coisas vivas são feitas de células. No caso dos fungos, essas células são alongadas e o conjunto delas se chama hifa. Quando há várias hifas, chamamos de micélio”, explica o engenheiro Eduardo Bittencourt Sydney, CEO da Mush, empresa que assina o material usado na CASACOR. No caso dos cogumelos, o micélio fica espalhado embaixo da terra.

Clube de Gourmets Evviva, por Studio Architetonika Nomad. Ambiente da CASACOR Paraná 2022.
(Patrícia Amancio/CASACOR)

As placas fazem parte da coleção Íris, primeiro lançamento da Mush que tem como objetivo aliar o design com a sustentabilidade e o conforto acústico. “Uma das características do nosso material é a absorção de ruídos. E ele é indicado para ambientes secos, tanto na parede como no teto”, diz Eduardo. A instalação pode ser feita com cola de contato ou fita dupla face e não é recomendado o uso em áreas úmidas, como banheiros.

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“É também um material que faz isolamento térmico muito similar ao poliestireno expandido, o isopor. Então, a ideia é ser um condutor térmico e acústico, mas bonito e sustentável“, define.

Participações na CASACOR

 

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Luiz Maingué – Studio Tech SEBRAE. Projeto da CASACOR Paraná 2021. O painel feito com revestimentos de micélio está na parede à direita da foto. (Eduardo Macarios/CASACOR)

A Mush participou pela primeira vez da CASACOR Paraná 2021 no espaço Studio Tech SEBRAE, assinado por Luiz Maingué. Ali, a empresa expôs seu trabalho junto a outras startups, em uma área de 1 m². “Este ano, participamos com 42 m², a maior área já aplicada com produtos de micélio em toda a América Latina”, comemora Eduardo.

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“A CASACOR é uma vitrine muito importante neste início da empresa, um local para mostrar que o produto funciona e divulgar nosso trabalho. Ficamos muito orgulhosos da mostra fomentar o uso dessa tecnologia”, diz.

A parceria com arquitetos e designers não deve parar por aí. Além dos revestimentos, a Mush está trabalhando com outras cinco coleções de produtos, entre luminárias, troféu e artigos de decoração. “Queremos também desenvolver soluções customizadas, já que conhecemos os fungos e sabemos trabalhar com eles. Estamos super abertos a novas parcerias, principalmente com arquitetos e designers”, revela.

100% sustentável

 

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No ambiente assinado por Jayme Bernardo Arquitetura, a luminária Íris possui duas fontes de luz: a superior com tons quentes e outra próxima do centro em tons de magenta. (Marcelo Stammer/CASACOR)

O processo que utiliza o micélio é totalmente sustentável. “Usamos resíduos agrícolas como matéria-prima, um material de origem renovável, algo que já consumiu recursos naturais, ambientais e econômicos. A transformação desse resíduo em produto final é feita com tecnologia carbono zero validada, ou seja, não emitimos CO2 na atmosfera”, esclarece o engenheiro.

E, apesar de não ser perecível e não possuir data de validade, caso o revestimento seja descartado na natureza, é totalmente biodegradável. “Seja na terra, areia, água doce ou salgada. Não importa o ambiente que ele vai cair lá no final, sempre vai ser decomposto. É um ciclo de vida perfeito: o produto nasce no resíduo vegetal, vira um produto comercial e, quando volta para a natureza, ele se transforma em fertilizantes de plantas”, completa Eduardo.

Outros produtos

 

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O micélio em duas versões: no painel Nuvem e colorido com tinta feita a base de minerais. (Reprodução/CASACOR)

As placas que revestem o forro do Clube de Gourmets Evviva fazem parte da coleção Íris que, além dos revestimentos de parede, também possui nuvens com função decorativa e acústica. “A coleção sempre foi branca porque o micélio é branco. No entanto, no último mês, lançamos a versão colorida, feita com uma tinta mineral, que não impacta a sustentabilidade e não afeta a capacidade de absorção acústica”, explica.

Pensando nas crianças, a linha Cosmos traz sol, lua e estrelinhas que brilham quando a luz é apagada. “Falamos muito em ser sustentável, mas olhamos muito pouco para as novas gerações. A ideia aqui é construir a ideia de sustentabilidade desde a primeira infância”, conta.

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Estrelinhas da coleção Cosmos e luminária Íris. (Reprodução e Marcelo Stammer/CASACOR)

Já a luminária Íris possui duas fontes de luz: uma em cima com tons mais quentes e outra mais próxima à base, com uma coloração magenta que é capaz de auxiliar o crescimento de plantas dentro de ambientes fechados.

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A empresa

 

“A Mush começou dentro da Universidade Tecnológica do Paraná, em um projeto de iniciação científica que eu orientei. O aluno era o Leandro Oshiro, que hoje é um dos meus sócios”, conta Eduardo. O início com a produção de materiais feitos com a tecnologia de micélio teve resultados rápidos e, após uma bolsa obtida na Fundação Araucária, a empresa nasceu oficialmente em 2019. Durante o período da pandemia, o objetivo de sair da escala de laboratório para a produção comercial também foi alcançado. “Com o investimento de uma aceleradora, nós conseguimos montar uma fábrica em Ponta Grossa. Em 2022, começamos a comercializar nossos produtos para a área de arquitetura e design”, explica.

A ideia tem dado tão certo que Eduardo pediu exoneração do cargo de professor universitário e se dedica 100% à Mush. “Eu tive que escolher e optei por tocar a empresa, porque é algo que eu acredito muito e que tem um potencial muito grande. Quero ajudar a construir um mundo melhor com esse material que a gente conseguiu desenvolver“, finaliza.

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