Mandacaru: como cultivar a planta que é símbolo do sertão?
Saiba tudo sobre o mandacaru: sua origem, formas de cultivo, usos culinários e medicinais e como cuidar da planta em casa ou no jardim

O mandacaru é uma das plantas mais emblemáticas do Brasil, especialmente associada à paisagem árida do sertão nordestino. Sua forma esguia e imponente, aliada à incrível resistência ao clima seco, fez com que a espécie se tornasse um verdadeiro símbolo da resistência e da vida.
Mas engana-se quem pensa que o mandacaru pertence apenas ao campo: cada vez mais, ele tem ganhado espaço em projetos de paisagismo, interiores rústicos e jardins urbanos, conquistando admiradores por todo o país. Seu visual escultural o torna ideal para quem busca uma planta de presença marcante, além de ser uma excelente opção para ambientes com baixa disponibilidade de água.
Origem e curiosidades
O mandacaru é uma espécie de cacto nativo da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro e caracterizado pelo clima semiárido. Seu nome popular deriva do tupi “mandacarú”, que significa “espinhos agrupados” — uma referência direta à morfologia da planta. Seu nome científico é Cereus jamacaru, e ele pertence à família Cactaceae.
O mandacaru pode ultrapassar os cinco metros de altura, desenvolvendo hastes verticais e ramificadas que armazenam água e ajudam na sobrevivência em longos períodos de seca.

Um dos aspectos mais curiosos do mandacaru é sua capacidade de florescer durante a noite. Suas flores são grandes, brancas e extremamente perfumadas, abrindo apenas por algumas horas no escuro, para atrair polinizadores noturnos como os morcegos e algumas espécies de mariposas.
O florescimento do mandacaru é considerado um prenúncio da chegada das chuvas no sertão, e por isso ele aparece em músicas populares, cordéis e lendas como uma planta mística, associada à esperança.
Outro detalhe interessante é que, apesar de parecer rústico e agressivo por conta dos espinhos, o mandacaru é considerado uma planta de proteção espiritual em muitas culturas, sendo cultivado próximo às casas como um guardião contra más energias.
2. Como cultivar e fazer mudas

O mandacaru é uma planta de fácil adaptação, ideal tanto para quem já tem experiência com jardinagem quanto para iniciantes. Confira a seguir os principais passos para cultivar e multiplicar essa planta resistente e simbólica:
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Escolha do local: O mandacaru deve ser plantado em um local com boa incidência de luz solar. Ele precisa de ao menos quatro horas de sol direto por dia. Jardins a céu aberto ou varandas bem iluminadas são ideais. Dentro de casa, o vaso deve ficar próximo a janelas que recebam bastante luz natural.
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Tipo de solo: O solo deve ser bem drenado, pois o acúmulo de água nas raízes pode causar apodrecimento. A melhor mistura para o plantio inclui areia grossa, terra vegetal e um pouco de matéria orgânica. Substratos específicos para cactos também funcionam muito bem.
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Vasos e recipientes: Caso opte pelo cultivo em vaso, escolha um recipiente com furos na base para garantir a drenagem. Prefira vasos de barro ou cerâmica, que ajudam na evaporação do excesso de umidade e mantêm a planta mais saudável.
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Rega adequada: Uma das grandes vantagens do mandacaru é sua tolerância à seca. A rega deve ser moderada: a cada 15 dias durante o verão e ainda mais espaçada no inverno. Só regue quando o solo estiver completamente seco ao toque.
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Propagação por estacas: O método mais prático para fazer mudas é a estaquia. Corte um segmento do caule (de uma planta madura e saudável), deixe a base cicatrizar por alguns dias à sombra e só então plante-o em novo solo seco e arejado. Essa técnica apresenta alta taxa de sucesso.
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Propagação por sementes: Embora menos comum, o mandacaru também pode ser cultivado a partir de sementes. No entanto, o processo é lento e requer mais paciência. As sementes devem ser plantadas em substrato úmido e mantidas sob luz indireta até germinarem.
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Manutenção em vasos: Para manter a planta com um porte mais controlado, é possível cultivá-la em vasos grandes. Com o tempo, será necessário replantar em recipientes maiores para que as raízes continuem se desenvolvendo sem restrição.
3. Cuidados importantes

Embora o mandacaru seja sinônimo de resiliência, alguns cuidados são fundamentais para garantir sua saúde e longevidade. O primeiro ponto é a rega controlada. Excesso de água é um erro comum no cultivo doméstico de cactos, e pode levar ao apodrecimento da base e ao surgimento de fungos.
A recomendação geral é regar apenas quando o solo estiver completamente seco. Outro cuidado importante está relacionado à luminosidade: o mandacaru precisa de sol direto, então não é adequado para ambientes internos com pouca luz natural.
Caso queira mantê-lo dentro de casa, é necessário posicioná-lo próximo a janelas bem iluminadas ou em varandas.

A poda não é uma exigência da planta, mas pode ser realizada para controlar o crescimento ou retirar partes danificadas. Sempre use luvas grossas e ferramentas apropriadas, pois os espinhos são rígidos e podem causar ferimentos.
O uso de substratos próprios para cactos e suculentas também é recomendável, pois esses materiais possuem boa drenagem e evitam o acúmulo de umidade.
Por fim, é sempre bom observar sinais de pragas, como cochonilhas e ácaros, especialmente em ambientes mais úmidos ou com pouca ventilação. Caso apareçam, a aplicação de soluções naturais, como óleo de neem (produto natural extraído das sementes da árvore Neem), pode ser suficiente para o controle.
4. Uso medicinal e gastronômico

Além de seu valor ornamental e cultural, o mandacaru também possui utilidades medicinais e alimentares. Na medicina popular nordestina, ele é utilizado para tratar uma série de condições, especialmente respiratórias.
O chá feito a partir da polpa interna do caule é conhecido por ter ação expectorante, sendo indicado para aliviar tosse e sintomas gripais. Também se acredita que o mandacaru tenha propriedades diuréticas e seja útil no tratamento de problemas renais, embora seja sempre recomendado consultar um profissional da saúde antes de utilizar qualquer planta com finalidades medicinais.

No aspecto gastronômico, o fruto do mandacaru, conhecido como “fruto do mandacaru” ou “pitaya sertaneja”, é comestível e muito apreciado na região Nordeste. Ele tem uma polpa doce e pode ser consumido cru ou usado em sucos, geleias, compotas e sobremesas.
A colheita do fruto deve ser feita quando ele estiver maduro, com a casca completamente colorida, o que indica o ponto ideal para o consumo. Além disso, algumas comunidades tradicionais utilizam partes jovens da planta em preparações culinárias, após um cuidadoso processo de remoção dos espinhos e cozimento, tornando o mandacaru um verdadeiro exemplo de planta multifuncional — que nutre, cura e ainda embeleza os espaços.
CASACOR Publisher é um agente criador de conteúdo exclusivo, desenvolvido pela equipe de Tecnologia da CASACOR a partir da base de conhecimento do casacor.com.br. Este texto foi editado por Yeska Coelho.