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Vimos o novo filme de Pedro Almodóvar, e a decoração quase rouba a cena

Dor e Glória é o 21º longa-metragem do cineasta e adentra sua intimidade, incorporando à narrativa objetos pessoais com design e história

Por Luciana Andrade
Atualizado em 17 fev 2020, 16h35 - Publicado em 26 jun 2019, 12h07
(Reprodução/CASACOR)

Cada filme de Pedro Almodóvar é uma explosão visual. Impossível não notar a paixão e a intensidade de seus vermelhos, em composições que dão às cores o status de personagens. Isso também acontece em seu mais recente longa, Dor e Glória (Dolor y Gloria, Espanha, 2019), em que Almodóvar oferece interiores tão autobiográficos quanto o próprio roteiro. O tom é mais austero e introspectivo que de costume, mas o cuidado com o visual salta aos olhos. Como sempre.

Para quem ama design, a atenção às vezes se divide entre os interiores das casas e a melancolia do protagonista Salvador Mallo (Antonio Banderas), um cineasta em declínio que representa o ego do diretor. Penélope Cruz, Cecilia Roth e Leonardo Sbaraglia também integram o elenco.

O apartamento de Salvador é o cenário principal, materializado pelo decorador Antxon Gómez. Espaçoso, eclético, íntimo e repleto de obras de arte, retrata o universo particular de um personagem centrado em si. “Parece um museu”, exclama alguém ao conhecer a casa. “Investi tudo o que ganhei nestes quadros”, responde Salvador, trazendo à tona a dimensão do tempo que levou para compor a identidade da casa.

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Acervo pessoal

Diversos móveis, quadros, objetos de decoração e luminárias são do acervo pessoal de Almodóvar. Uma verdadeira aula sobre o melhor do design do século 20. Conta-se que, durante as filmagens, a produção entrava e saía do apartamento de Pedro Almodóvar com objetos para compor o décor.

Inspirados na morada do próprio diretor em Madrid, os ambientes do apartamento de Salvador enquadram as ações e colaboram para a atmosfera envolvente do filme. Muitas conversas e situações cotidianas se passam na mesa da cozinha – que chama a atenção pelos tons acesos de vermelho na marcenaria e turquesa nos ladrilhos.

(Reprodução/CASACOR)

Uma porta de vidro que aparece no filme é idêntica à que Almodóvar tem em casa – com design de Patricia Urquiola. A xícara de café azul é da linha Bleu D’Ailleurs, da Hermès. A torradeira da Smeg é onipresente, sendo uma edição limitada para a Dolce&Gabanna.

À direita, aparador customizado com madeiras recicladas por Pain Hein Eek. (Reprodução/CASACOR)
Ao fundo, gabinete de mariposas na cor branca, da Fornasetti. (Reprodução/CASACOR)
Personagem de Antonio Banderas na cadeira Utrecht, com desenho de Gerrit Rietveld para a Cassina. (Reprodução/CASACOR)
A luminária Eclisse, da Artemise, sobressai diante da parede amarela. (Reprodução/CASACOR)

A casa de Alberto Crespo (Asier Etxeandia), ator que já participou dos filmes de Salvador, é de alguém que vive em um bairro mais afastado. A residência térrea abriga suas memórias, presentes nos móveis e nos pôsteres. O piso é belíssimo.

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(Reprodução/CASACOR)
Em segundo plano, o famoso pôster La Pera, de 1963, com design de Enzo Mari para a Danese. (Reprodução/CASACOR)
Acervo pessoal de Almodóvar incorporado às cenas. (Reprodução/CASACOR)
(Reprodução/CASACOR)

Dor e Glória enxerga os objetos como expressões de memória, em um filme que reflete sobre envelhecimento, amor, relacionamentos, a passagem do tempo, as dificuldades de enfrentar o presente e tantos outros temas. Além de ser mais uma experiência visual bem construída por Almodóvar. Assista ao trailer.

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