5 projetos urbanos com designs que engajam o espaço público
O design pode tornar a cidade mais acolhedora, menos hostil e, até mesmo, um museu a céu aberto. Veja como!
Arames farpados, lanças em muretas, grades, bancos de praça com divisórias, objetos pontiagudos e ausência de pinturas: a presença desses elementos nos espaços públicos é um exemplo da denominada arquitetura hostil.
Dez anos atrás, o jornalista Ben Quinn popularizou esse termo em uma matéria produzida para o The Guardian, em que reportou espaços públicos em Londres que apresentavam designs desagradáveis e afastavam a população local. A reivindicação por cidades menos hostis e mais acolhedoras possui registros ainda mais antigos: em 1968, Henri Lefebvre inaugurou o slogan Direito à Cidade para refletir sobre a necessidade de maior participação e inclusão dos cidadãos nos núcleos urbanos.
A partir de designs que engajam o espaço público, essa ideia de projetar cidades mais coletivas e interativas vem saindo do papel em diversos lugares ao redor do mundo. A seguir, confira 5 desses projetos!
1. Tapis Rouge, em Carrefour-Feuilles
No Haiti, o design foi um aliado na renovação do bairro Carrefour-Feuille, que foi bastante impactado pelo terremoto de 2010. Na área que serviu de acampamento para desabrigados após a catástrofe, foi construído o Tapis Rouge – um espaço público multifuncional de lazer e convivência, criado pela Emergent Vernacular Architecture junto à comunidade moradora da região.
O projeto envolve um anfiteatro ao ar livre em meio a áreas verdes e um mosaico colorido, que oferece espaço de sobra para brincadeiras, momentos de descanso e até equipamentos de exercício físico. No Tapis Rouge, a ideia de engajar o espaço público foi pensada a longo prazo: em torno dos degraus, há diversos Flamboyants que criarão espaços de sombra quando estiverem crescidos. Além disso, nas palmeiras, há tanques de armazenamento para a estação de distribuição e venda de água, que investirá o valor arrecadado na manutenção do espaço público.
2. Circuito Urbano de Arte, em Belo Horizonte
Considerado um dos maiores festivais de arte pública do Brasil, o Circuito Urbano de Arte, ou CURA, já realizou oito edições, com 26 murais em empenas e 4 mirantes de arte urbana — três em Belo Horizonte e um em Manaus. A coleção em Belo Horizonte se consagra a maior coleção de arte pública indígena do mundo e possui os murais mais altos pintados por mulheres na América Latina.
Ver esta publicação no Instagram
Em 2021 e 2022, o CURA ganhou destaque na capital mineira por engajar, a partir da arte urbana, a Praça Raul Soares, no centro de BH. A enorme pintura indígena “Shipibo” coloriu todo o entorno da praça e, para movimentar mais ainda o espaço, o projeto buscou agitar a cena cultural da cidade com instalações artísticas e eventos musicais.
Ver esta publicação no Instagram
3. Metrô de Frankfurt
A entrada da estação de metrô Bockenheimer Warte U-Bahn, em Frankfurt, na Alemanha, é a prova de que o transporte público pode — e muito! — engajar o espaço público. O arquiteto Zbigniew Peter Pininski, inspirado pelas pinturas surrealistas de René Magritte, decidiu projetar a estação em um formato de vagão de trem parcialmente enterrado, transformando o transporte público de Frankfurt em um verdadeiro atrativo cultural.
Com uma pitada de realismo mágico, a estação foi erguida em 1986 para parecer que um velho bonde caiu na calçada. Depois disso, ficou bem mais divertido acessar o transporte e até quem vai turistar na cidade não deixa de ir conhecer essa obra de arte que dá entrada ao metrô!
4. Meu Coração Bate Como o Seu, na Praça da República
Em 2019, o arquiteto e urbanista Guto Requena projetou por três meses na Praça da República, localizada no centro de São Paulo, a instalação artística “Meu Coração Bate Como o Seu“. Não por acaso, a obra foi exposta um mês antes da Parada do Orgulho LGBTQIA+: segundo Guto, o objetivo era denunciar a violência e engajar a população na luta pela diversidade.
O mobiliário era composto por tubos com as cores da bandeira LGBTQIA+; havia ainda caixas de som com depoimento de ativistas e durante a noite, luzes que pulsavam no ritmo dos batimentos cardíacos. “O design pode ser uma poderosa ferramenta de ativismo, pois nos convida a pensarmos sobre igualdade e direitos humanos de maneira simples e com grande poder de propagação”, afirma Guto.
5. Pop-Up! Street Furniture, em Seattle
Em 2014, a instalação Pop-Up! Street Furniture, elaborada pelo escritório LMN Architects para o Seattle Design Festival, deu outra cara para o centro da cidade. A obra foi feita coletivamente, reunindo alunos, profissionais, designers e fabricantes em torno do propósito de um propósito: recriar o espaço público de forma lúdica, educativa e interativa.
O surpreendente é que isso foi feito apenas com oito simples blocos construídos com madeira recuperada. A partir deles, infinitas possibilidades foram criadas: espaço para descanso, mesa para comer e um recinto que estimulou muitas brincadeiras infantis. Assim, a Pop-Up! Street Furniture mostrou como um design urbano descomplicado pode engajar ao máximo os espaços públicos e potencializar a interatividade com a população!