MDW: projeto transforma galões de água em móveis e objetos sustentáveis
A exposição explora o potencial do policarbonato reciclado a partir de técnicas que valorizam texturas, transparência e memória do material
Design sustentável, inovação e cultura japonesa se encontram na exposição Trace of Water, apresentada pelo laboratório de design HONOKA e pela empresa Aqua Clara durante a Semana de Design de Milão 2025. O projeto, que ocupa uma das salas do tradicional Palazzo Litta, propõe uma nova vida para os galões azuis retornáveis usados em dispensadores de água, convertendo-os em materiais de alto valor estético e funcional para a arquitetura e para o design.
Inovação com impacto: design sustentável em destaque na MDW 2025
A exposição Trace of Water faz parte da mostra Variations, organizada pela MoscaPartners e dedicada a projetos baseados em pesquisa e inovação. A collab chama atenção ao explorar o potencial de um material comum, o policarbonato dos galões de água, para criar uma nova matéria-prima com aplicações reais na arquitetura e no design de interiores. A proposta alia tecnologia, artesanato e consciência ambiental para repensar o ciclo de vida das garrafas que após anos de uso são recicladas com técnicas que preservam suas qualidades físicas e revelam texturas únicas, inspiradas nas marcas deixadas pela água.
Como os galões são transformados em materiais para arquitetura e design
A colaboração entre a Aqua Clara, referência no mercado japonês de purificadores de água, e o HONOKA, estúdio premiado por seus projetos sustentáveis, tem como base um processo inusitado: as garrafas que estiveram em contato com água por longos períodos absorvem umidade. Ao serem aquecidas, essa umidade se transforma em bolhas de ar que criam texturas visuais delicadas: os chamados traces of water (“traços da água”). A partir dessa matéria-prima, o HONOKA desenvolveu sete materiais diferentes, todos com resistência, durabilidade e apelo estético. Alguns são moldados com técnicas cerâmicas tradicionais, outros são impressos em 3D ou transformados em pó.
A partir dessa matéria-prima, o HONOKA desenvolveu sete materiais diferentes, todos com resistência, durabilidade e apelo estético. Alguns são moldados com técnicas cerâmicas tradicionais, outros são impressos em 3D ou transformados em pó.
Os sete novos materiais sustentáveis apresentados na mostra
1. HAKUHYO: superfície com aparência de gelo, feita com fragmentos prensados de garrafas, cujas bolhas de ar variam conforme a umidade de cada pedaço. Utilizado na mostra como azulejo e luminária.
2. ARARE: bloco inspirado em pedras de granizo, formado por compressão e aplicação de técnicas tradicionais de reboco, que dá vida a vasos e outros objetos.
3. AMATSUYU: azulejo que evoca o impacto de uma gota na água, feito em forno e com efeito luminoso suave.
4. NAMIMA: material com degradê colorido, criada a partir da fusão de fragmentos em processos similares à porcelana. Na exposição foi apresentado como banco.
5. UROKO: inspirado no padrão japonês de escamas, o material é impresso em 3D com camadas sobrepostas e textura refinada. Aqui utilizado como prato.
6. SHIRANAMI: peça de superfície ondulada, feita com extrusão e martelamento, que lembra ondas espumadas. Exibida como luminária e revestimento para elementos-divisores.
7. MIZORE: composto feito com pó das garrafas moídas e resina UV à base d’água, com acabamento translúcido e toque sofisticado foi utilizado como divisor de ambientes.
Materiais reciclados ganham protagonismo na arquitetura contemporânea
Além de reforçar os valores da economia circular, o projeto propõe uma reflexão sobre o papel dos materiais reciclados na arquitetura contemporânea. Em vez de esconder as marcas do reuso, os materiais celebram sua história e transformam resíduos em peças de design com personalidade.
A ambientação no Palazzo Litta, com iluminação azul que remete ao universo aquático, reforça o conceito de leveza e contemplação. A mostra oferece aos visitantes uma imersão sensorial que une sustentabilidade, inovação e tradição.
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