10 materiais inovadores e sustentáveis usados no design
As recentes mudanças climáticas impulsionaram a pesquisa de novas matérias-primas. Conheça!

O ano de 2024 foi marcado pela velocidade e intensidade das mudanças climáticas e esse fato impulsionou muitas pesquisas que já estavam acontecendo, como a criação de processos de produção e materiais mais sustentáveis. Por isso, selecionamos aqui algumas iniciativas inovadoras, que trazem soluções promissoras para o design de produtos e a construção civil. Para muitos designers e engenheiros que fazem experiências com novos materiais, o objetivo é substituir matérias-primas de alta emissão de carbono o mais rápido possível. Exemplo disso é o concreto, que contribui com até 8% das emissões de carbono globalmente. Confira abaixo 10 materiais inovadores que surgiram no último ano!
1. Da obra para o décor

A luminária Remli é feita do material Remains da We+, que se trata de um composto feito de uma mistura de detritos urbanos que o estúdio descreve como “dificilmente recicláveis”. Coletados em canteiros de obras ao redor de Tóquio, no Japão, os resíduos são moídos até virar pó e misturados com vidro derretido, que atua como aglutinante para criar um material com acabamento semelhante ao concreto.
2. Mistura boa

Criado pelo casal brasileiro-dinamarquês Victor e Søren, o Assimply é um estúdio de design experimental, que tem como DNA a mistura do minimalismo escandinavo e da bossa brasileira. Fundado em 2021, o estúdio tem os olhos voltados para o futuro com foco na produção de objetos, mobiliário e arquiteturas feitos por meio da reutilização de materiais. Técnicas tradicionais como o terrazzo italiano são combinadas com técnicas contemporâneas, a exemplo da coleção Nu. Móveis e objetos exibem linhas simples, que têm como propósito destacar o contraste e a interação entre os elementos reaproveitados, como cerâmica, mármore bege bahia, vidro e alumínio — todos provenientes de origem reciclada ou de descarte.
3. Gadgets recicláveis

Esta é uma criação da Pentaform, uma startup de tecnologia focada em fabricar gadgets com um tipo de plástico que se dissolve em água, deixando apenas os componentes eletrônicos de fácil reciclagem. O produto, que pode ser um computador ou controle remoto, recebe uma fina camada impermeável na parte externa para protegê-lo da umidade, mas quando o invólucro é aberto e tudo é submerso em água, ele se dissolve completamente em seis a oito horas. A ideia é que a mistura de plástico e água seja despejada na pia ou no vaso sanitário para que possa terminar de se decompor no sistema de esgoto.
4. Blocos de micélio

No Anomalia’s MycoMuseum, o micélio foi usado como mobília e tecido em um sistema de parede feito da estrutura da raiz do cogumelo. A plataforma de pesquisa extrai resíduos agrícolas para cultivar o MycoBlox, que é uma série de blocos leves, empilháveis e de suporte de carga. As peças são sustentáveis, capazes de reduzir as emissões de carbono e resíduos na construção civil, além de serem completamente biodegradáveis.
5. Cimento reciclado

Entre tantas pesquisas para a produção de concreto com emissão zero carbono para atender às necessidades de construção do mundo todo, a mais promissoras é a solução da Universidade de Cambridge. O método envolve a reciclagem de cimento velho, recolhido de prédios demolidos, que é aquecido para reativar seus compostos. A chave para a inovação é a forma como esse processo é executado: aproveitando os fornos elétricos existentes usados para reciclar aço, onde o cimento é usado para purificar o metal. Esse processo aborda as duas principais fontes de altas emissões do cimento: a reação química quando o calcário é transformado em novo cimento e a queima de combustíveis para alimentar os fornos de alta temperatura necessários para esse processo.
6. Tecido feito de tecido reciclado

A marca têxtil Kvadrat trabalhou com o designer Teruhiro Yanagihara para lançar seu primeiro tecido de poliéster reciclado feito de resíduos de tecido em vez das habituais garrafas plásticas. Chamado de Ame, o novo material é um passo importante da empresa para fechar o ciclo de vida de um tecido. Normalmente, garrafas plásticas são transformadas em poliéster reciclado, enquanto o poliéster usado é transformado em outros produtos — um processo conhecido como downcycling porque o material perde qualidade a cada rodada de reciclagem. Então, para criar um novo tecido a partir de resíduos têxteis, a Kvadrat recorreu à reciclagem química. No método conhecido como despolimerização, o poliéster é decomposto em seus blocos de construção moleculares e então reconstruído para recuperar a qualidade do material virgem.
7. Linóleo repaginado

Repensar algo antigo sob uma nova perspectiva também faz parte dos processos de inovação. E foi isso que fez a designer holandesa Christien Meindertsma, que reformulou o linóleo e criou uma nova linguagem visual para o material com os ladrilhos Flaxwood, desenhados para o fabricante Dzek. Ao contrário do vinil e do PVC à base de plástico, o linóleo pode ser feito inteiramente de materiais renováveis e recuperados — como óleo de linhaça, resina de pinho, pó de madeira e giz —, além de ser biodegradável. Na linha Flaxwood, todos os pigmentos, revestimentos e fundos que normalmente disfarçam sua composição natural são removidos para revelar um tom mel e textura natural. O objetivo deste trabalho é ajudar a colocar o linóleo como um material do futuro, em vez de ser apenas um resquício dos anos 1970.
8. Impressão 3D e caroços de tâmaras

O coletivo de design Nawa, de Omã, criou um filamento sem plástico para impressão 3D usando sementes de tâmaras desperdiçadas. Chamado de RePit, um trocadilho com a palavra repetir, o material composto foi projetado para oferecer uma alternativa mais sustentável aos filamentos termoplásticos tradicionalmente usados por impressoras 3D. Os caroços são triturados e misturados com argila natural e fibras de palmeira para imitar uma argamassa de cal tradicional resistente à água. A Nawa produziu uma série de azulejos decorativos com esse material, o que representa uma maneira de aproveitar quase um milhão de toneladas de caroços de tâmaras produzidos pela indústria global a cada ano.
9. Pele vegetal

Esta versão da bolsa Bou, da marca de moda dinamarquesa Ganni, é feita de um material criado pela start-up Biofluff, que afirma ter desenvolvido a primeira pele vegetal do mundo. Diferentemente das peles artificiais existentes, este tecido felpudo não contém plásticos ou petroquímicos, de acordo com o fabricante. Em vez disso, suas fibras peludas são extraídas de plantas e resíduos agrícolas usando enzimas especiais que também são derivadas de plantas.
10. Tijolos espaciais

Como transportar materiais da Terra para a Lua é absurdamente caro, as agências espaciais estão explorando ativamente possíveis maneiras de construir estruturas usando solo lunar. A Agência Espacial Europeia criou sua própria versão de um bloco de Lego impresso em 3D, feito a partir de poeira de meteorito, enquanto explora como construir edifícios no espaço. Os “tijolos espaciais” são produzidos usando a poeira de um meteorito de 4,5 bilhões de anos descoberto em 2000 no noroeste da África. Essa matéria-prima atua como um substituto para o regolito lunar – material que cobre a superfície da Lua, que é em grande parte produto de impactos de meteoritos. O desenvolvimento do tijolo espacial faz parte da contribuição da agência europeia para o programa internacional Artemis, que visa não apenas levar astronautas de volta à Lua, mas também estabelecer uma base lunar lá.