Quais são as apostas de cores dos especialistas para 2026?
As apostas de cores para 2026 revelam um momento de transição: a busca por tons que expressam calma, autenticidade e conexão com o essencial

As cores do próximo ano já começam a se desenhar no horizonte do design. Mais do que uma questão estética, as apostas de cores para 2026 refletem o estado emocional e cultural do nosso tempo — um olhar coletivo em busca de estabilidade, bem-estar e pertencimento. Pensando nisso, a CASACOR conversou com duas especialistas no assunto: Marcia Holland (membro do Color Marketing Group USA e consultora de inovação e tendências em diversas empresas) e Thalita Carvalho (comunicadora especializada em Cor e Design Regenerativo e apresentadora do “Mais Cor Por Favor”, no GNT).

Ambas têm seus olhares voltados aos tons terrosos, verdes acinzentados e neutros marcantes. “Esses tons falam de estabilidade, de retorno à matéria e de conexão com o natural, refletindo uma sociedade que busca enraizamento e calor depois de um longo período de incertezas”, explica Thalita.

Por sua vez, Marcia detalha: “A preocupação ambiental se traduz em paletas inspiradas na terra, nas florestas e nas águas. A diversidade cultural e os movimentos de representatividade também trazem novas leituras: cores antes associadas a grupos específicos ganham protagonismo como símbolos de inclusão e empoderamento. Além disso, em um mundo que fala cada vez mais sobre saúde mental, há uma procura por tons que transmitam calma, bem-estar e segurança emocional”.
Apostas de cores para 2026
Com base nos estudos de Holland, as cores que ganharão destaque no universo da arquitetura e decoração em 2026 são: neutros quentes e terrosos, verdes acinzentados e azulados e vinhos e roxos terrosos. “São tonalidades que equilibram a necessidade de calma com a vontade de afirmar quem somos”, diz.

Já Carvalho, prevê a ressignificação dos tons neutros – como branco, cinza e bege. Outras apostas da apresentadora incluem: tons de mostarda, caramelo, azul-marinho, terracota, marrom, ocre e bordôs. Ela descreve: “São cores com alma, que saem do acinzentado e caminham em direção à terra, ao orgânico e ao que é essencial”.
Neutra x vibrante: qual paleta irá comandar 2026?
Em relação à dualidade entre os tons neutros e vibrantes, Marcia Holland e Thalita Carvalho acreditam no fim da “disputa”. Ambos os caminhos podem conviver em harmonia em 2026 – especialmente quando utilizados em equilíbrio nas composições!

“Os acentos vibrantes ganham força justamente quando usados em contraste com esses fundos mais discretos. Essa combinação traduz muito bem o espírito contemporâneo: ambientes que acolhem e acalmam, mas que também oferecem pontos de expressão individual e ousadia”, orienta a integrante do CMG.
Afinal, como é feita a escolha das cores do ano?
Anualmente, vemos marcas como WGSN, Pantone e Coloro anunciarem suas apostas de cores para o próximo ano. É importante ressaltar que, de maneira geral, essas escolhas são resultado de longos processos de pesquisa – que analisam desde sinais comportamentais, até culturais, artísticos e tecnológicos.

Holland afirma: “São feitos workshops, debates e testes de aplicação até que uma cor se destaque por sintetizar o ‘zeitgeist’ ou espírito do tempo. É um processo que mistura ciência e sensibilidade: não se trata apenas de prever o que será consumido, mas de traduzir simbolicamente os desejos e necessidades coletivas em uma linguagem cromática”.

Um dos principais desafios nesse processo, segundo a especialista, é equilibrar tendências de cores globais com identidades locais e individuais. Daí, vem a importância de reinterpretar as apostas conforme luz, clima, materiais e cultura de cada lugar. “O Brasil tem uma intensidade cromática única, resultado da mistura de raízes culturais e da nossa geografia. Assim, cores que podem parecer neutras em outros contextos aqui ganham vida e força”.
Materiais e acabamentos para ficar de olho
Não apenas determinadas cores prometem se destacar em 2026, como também materiais ganham força a partir dessas tonalidades. Para Thalita Carvalho, a dica é prestar atenção em opções que têm densidade e texturas. “As madeiras escuras voltam a ter protagonismo, substituindo os acabamentos muito claros e frios dos últimos anos. O bouclé continua em alta e os tecidos com textura ganham ainda mais relevância. Superfícies com padrão intencional – como listras, quadriculados e relevos sutis – também se destacam, tanto em tecidos quanto em revestimentos”, menciona.

Em relação ao paisagismo, ela completa: “O olhar se desloca do verde para uma estética mais primal, incluindo carvão, pedra, mineral, fungos e outros materiais que remetem ao início da vida. Há também um novo apreço por móveis garimpados, peças únicas que carregam o tempo na superfície, verdadeiros objetos de memória”.

Por fim, Marcia Holland deixa seu recado aos profissionais da área: “A cor é uma linguagem transversal, que ultrapassa fronteiras e conecta experiências. Para o arquiteto ou designer, compreender essa sintonia é essencial: significa estar em diálogo com um ecossistema estético mais amplo, no qual a cor funciona como elo entre os diferentes territórios do viver contemporâneo”.