Recorde de público na Pinacoteca reforça necessidade de mais segurança
O ano de 2023 foi marcado pela alta de criminalidade no Centro de São Paulo
Entre janeiro e dezembro de 2023, a Pinacoteca recebeu 880 mil visitantes – um aumento de 40% em relação ao ano anterior. Mesmo com o impulso da inauguração do novo prédio, a Pina Contemporânea, o número surpreende e vai na contramão de um movimento de “abandono” do Centro de São Paulo.
Uma das razões para que o público paulistano e os turistas não deixem de ter a Pinacoteca como uma opção de lazer está relacionada com sua localização privilegiada, a poucos metros da Estação da Luz – e ao lado oposto de onde ficava a chamada “Cracolândia” (ao lado da Sala São Paulo).
Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP), o índice de roubos no Centro de SP nos primeiros sete meses de 2023 bateram recorde dos últimos 22 anos. Em média, um roubo é registrado a cada 30 minutos na região.
Segurança e fomento cultural
Em dezembro, o governador Tarcísio mandou reforço policial para a região e também para as Avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima e para alguns pontos dos Jardins. Ele também afirmou que o estado pretende investir R$ 250 milhões em monitoramento.
Em nota, a Pinacoteca afirma que 78% do total de visitantes usufruíram da política de gratuidade do museu e grandes exposições como Marta Minujín, Sonia Gomes, Cao Fei, Antonio Obá e Alex Cerveny, entre outros foram fundamentais para o crescimento do número no ano passado.
“A concentração de comércio e espaços culturais é muito valiosa, mas a elevada taxa de criminalidade representa uma barreira significativa para a atratividade e a vitalidade da região”, afirmam os arquitetos e urbanistas Erick Tonin e Celso Grion, à frente do escritório Effect Arquitetura.
Os especialistas explicam que o problema que o Centro enfrenta precisa de uma abordagem integrada entre poder público, urbanistas e investimento na infraestrutura da cidade.
Melhorar a infraestrutura urbana, investir em iluminação pública eficiente, promover espaços de convivência e criar alternativas de moradia requalificadas são algumas das alternativas citadas pelos urbanistas.
“Além disso, é necessário implementar políticas de inclusão social, educacional e econômica, visando reduzir as desigualdades que muitas vezes favorecem a criminalidade”, explicam.
Outro ponto que merece questão é a habitação no Centro da cidade. Existem muitos imóveis desocupados, que poderiam servir como moradia. Segundo o Censo de 2022, feito pelo IBGE, a capital conta com mais de 588 mil imóveis vazios.
Como resgatar a confiança?
Após uma série de políticas públicas, o Centro voltou a ter uma melhora nos índices de segurança no final do ano – especialmente em relação a roubos e furtos.
Em nota, a SSP afirma que “entre abril e novembro de 2023, os índices de furtos registraram uma queda de 7,2%, enquanto os roubos diminuíram em 16,4% em comparação com os mesmos meses de 2022. Ocorreram a prisão ou apreensão de 5.983 infratores, representando um aumento de 26,8% em relação ao ano anterior”.
“A criação de uma sensação de segurança na cidade é essencial para atrair e manter a presença de pessoas de todas as faixas etárias, e deve considerar tanto aspectos físicos quanto sociais do ambiente urbano”, afirmam os urbanistas.
Comerciantes começam a ficar otimistas e tentam retornar a confiabilidade de seus clientes. Muitos desses comércios na região decidiram fechar mais cedo em 2023, e hoje conseguem ver no horizonte a possibilidade de voltar ao horário normal.
Outros elementos como câmeras de vigilância e postes de emergência são elementos que os urbanistas acreditam que podem ser incorporados ao design urbano – desde que não criem uma atmosfera opressiva, e sim transmitam a sensação de cuidado e proteção.
A criação de um ambiente urbano que encoraje a interação entre moradores e visitantes, promovendo uma constante circulação de pessoas, fortalece essa eficácia na promoção da segurança e na revitalização do centro como um espaço vibrante e acolhedor.