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Hollywood: a história por trás do letreiro mais famoso do mundo

O letreiro de Hollywood, criado em 1923 como publicidade, virou ícone cultural, símbolo do “sonho americano” e palco de intervenções artísticas e políticas

Por Marina Pires
23 abr 2025, 10h47

Mais do que uma palavra associada ao cinema, Hollywood tornou-se um dos letreiros mais reconhecidos do mundo. Localizado nas colinas de Los Angeles, na Califórnia, o conjunto de letras brancas gigantes passou a simbolizar a indústria do entretenimento em escala global. A placa recebe cerca de 50 milhões de visitantes por ano, mesmo com o acesso ao topo não sendo um dos mais fáceis, segundo a Câmara do Comércio de Hollywood.

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Mas ao contrário de monumentos enraizados em civilizações antigas ou ligados diretamente à identidade nacional, a placa de Hollywood é um símbolo em constante transformação — física e mentalmente. Ela se converteu, ao longo do tempo, em um ícone cultural moldado por décadas de intervenções, releituras artísticas e declarações políticas.

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Letreiro de Hollywood- Los Angeles
(Margaret Herrick Library/CASACOR)

O letreiro nasceu em 1923, mas sua função inicial nada tinha a ver com o cinema. Na época, a placa foi criada como parte de uma campanha publicitária para promover um novo empreendimento imobiliário nas encostas do Monte Lee: o “Hollywoodland”, um bairro planejado e voltado para a elite branca.

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Com letras de aproximadamente 15 metros de altura e iluminadas por mais de 4 mil lâmpadas, a ideia era que ela fosse visível a quilômetros de distância e permanecesse ali por apenas 18 meses. No entanto, com o crescimento da cidade e o avanço da indústria cinematográfica em Los Angeles, o letreiro acabou permanecendo e se tornando um marco local.

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Letreiro de Hollywood- Los Angeles
(Los Angeles Public Library/CASACOR)

Antes de se tornar a “Cidade das Estrelas”, Los Angeles era uma região habitada por povos indígenas. Assim como outras áreas do oeste americano, era composta por fazendas, garimpeiros, forasteiros e terras ainda pouco desenvolvidas. O clima ensolarado, seco e ameno atraiu tanto os primeiros colonos quanto, mais tarde, os produtores de cinema.

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Foi na década de 1910 que os primeiros estúdios migraram para a região, fugindo da concorrência na costa leste e atraídos pelas paisagens californianas. A partir dos anos 1920 e 1930, Los Angeles já se consolidava como o centro da produção cinematográfica dos EUA.

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Letreiro de Hollywood- Los Angeles
(Divulgação/CASACOR)

A palavra “Hollywood”, que antes nomeava apenas um bairro, passou a representar toda uma indústria — e a placa, ainda que inicialmente desvinculada do cinema, logo absorveu esse novo significado.

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Porém, com o tempo, a estrutura começou a se deteriorar. A Grande Depressão nos anos 1930 golpeou o mercado imobiliário, e durante a Segunda Guerra Mundial, os esforços da cidade se voltaram à indústria bélica.

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A placa, sem manutenção, sofreu com o abandono. Em 1949, a prefeitura de Los Angeles interveio, retirando as quatro últimas letras (“LAND”) e reformando o que restava. Assim, a palavra “HOLLYWOOD” passou a ser o símbolo oficial da cidade.

Ainda assim, nas décadas seguintes, a placa continuou enfrentando o desgaste do tempo e episódios de vandalismo. Somente na década de 1970, com o status de marco histórico concedido pelo Conselho de Patrimônio Cultural de Los Angeles, é que se iniciou um movimento mais sólido de preservação. Uma nova versão foi inaugurada, agora em aço resistente, com uma estrutura mais segura e protegida por câmeras e sistemas de segurança.

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Letreiro de Hollywood- Los Angeles
Um dos episódios mais emblemáticos aconteceu em 1976, quando o artista Danny Finegood alterou as letras para “Hollyweed” como forma de celebrar a descriminalização da maconha na Califórnia. (Los Angeles Public Library/CASACOR)

Mais do que um ponto turístico, a placa se tornou uma tela para intervenções artísticas e políticas. Um dos episódios mais emblemáticos aconteceu em 1976, quando o artista Danny Finegood alterou as letras para “Hollyweed” como forma de celebrar a descriminalização da maconha na Califórnia — trabalho realizado, inclusive, para uma disciplina universitária. Ele faria outras intervenções ao longo dos anos, como “Ollywood” (em crítica ao escândalo Irã-Contras) e “Oil War” (durante a Guerra do Golfo).

Mais recentemente, obras como Indian Land, do artista indígena Nicholas Galanin, desafiaram o legado colonial embutido na história de Hollywood. A instalação monumental fez um chamado direto à devolução da gestão das terras às comunidades originárias, reapropriando a linguagem visual da placa, para denunciar a exclusão das narrativas indígenas.

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Indian Land, do artista indígena Nicholas Galanin
Indian Land, do artista indígena Nicholas Galanin (Divulgação/CASACOR)

Essas intervenções mostram como a placa de Hollywood foi constantemente ressignificada. Embora siga associada ao “sonho americano”, o letreiro, que começou como uma peça publicitária, passou a incorporar disputas por memória, identidade e justiça social — assumindo novos significados ao longo das décadas. Hoje, ele representa mais do que a indústria do cinema: é também um espaço de crítica, manifestação e reinvenção cultural.

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