Localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, esse apartamento de 110 m² da década de 1960 foi reformado pelo seu próprio morador – o arquiteto Maurício Arruda, sócio e head de criação da TODOS Arquitetura, proprietário da MAU e profissional do elenco CASACOR –, que o divide com seu namorado. O espaço dá destaque para a arte popular nacional e encontra no colorido uma beleza simples, capaz de ampliar a potência desse povo.
Com um décor de casa de praia descontraída, o local conta com peças que carregam histórias brasileiras e ao mesmo tempo refletem a visão de Maurício. O ambiente une passado e presente de forma acolhedora e cheia de curiosidades.
Dos elementos originais da casa foram mantidos os azulejos estampados e as esquadrias de madeira na cozinha. Para complementar essa estética, o piso de lajota terracota foi recuperado de um lote antigo de demolição. O ambiente conta com uma bancada de granito branco, apoiada em muretas revestidas com os mesmos azulejos, e prateleiras de pinus pintado de branco que garantem praticidade e estilo. A mesa central, tradicional e rara em cozinhas modernas, foi mantida para incentivar o convívio.
“A grande alteração do projeto foi feita nos revestimentos originais do apartamento, exceto no da cozinha, pois optamos por alternativas que retomassem o toque da época com o piso terracota e os tacos de madeiras que foram pintados”, diz o arquiteto, que desejava um apartamento solar com referências praianas e apelo sensorial por meio de materiais, cores e formas.
“O maior desafio foi manter as janelas da casa, que tinham formatos lindos, assim como as portas. Para isso tivemos que investir na restauração, que exigiu bastante mão de obra”, conta.
Ainda com o objetivo de aproveitar a lajota de demolição utilizada no piso, foi construído um banco de alvenaria revestido com a mesma tipologia para o ambiente de refeições que dá continuidade à cozinha. Uma mesa sob medida e cadeiras dos anos 1970, garimpadas, também compõem o visual praiano do apartamento.
O ambiente integrado entre a cozinha e a sala de jantar é favorecido com piso e paredes brancas, que maximizam a entrada de luz natural. O espaço é realçado com um tapete artesanal de fibra de taboa, mobiliário modernista dos anos 1960 em madeira escura e tecidos listrados em cores vibrantes exclusivos da MAU. Peças garimpadas, de proporções e formas simples e primitivas, completam a atmosfera autêntica e acolhedora.
O quarto principal reúne as ideias inicialmente projetadas para o apartamento: um espaço sem excessos, com uma cama discreta e poucos objetos decorativos. Aqui a presença de paredes brancas se repete para reforçar a proposta minimalista. Já para concretizar o desejo de uma decoração brasileira marcante, foram escolhidos o pendente de 90 cm de diâmetro, vindo da Bahia, e a imagem de São Sebastião, de Alagoas.
A decoração do quarto de visitas, por suas vez, abusa de objetos que remetem ao mar. O arquiteto optou pelo uso de camas mais baixas de madeira maciça de Jequitibá para o local, que complementam o ar tropical com roupas de cama de tecidos leves e naturais.
Por fim, o banheiro também é beneficiado pela entrada de luz natural, que é refletida pelo microcimento branco, dando destaque à textura do piso de lajotas de cerâmica natural. A bancada minimalista de granilite, em um subtom do piso, contrasta com o armário feito sob medida da Bahia com madeira de demolição. O acabamento de grafite escovado dos metais e acessórios transmite a ideia de atemporalidade.
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