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Sequência Fibonacci: o que é e como influencia projetos de arquitetura?

Entenda como a Sequência Fibonacci inspira arquitetos ao criar projetos equilibrados, harmônicos e visualmente agradáveis, guiados pela proporção áurea

Por Chrys Hadrian
21 abr 2025, 14h00

Desde a Antiguidade, arquitetos e artistas buscam formas de representar a harmonia natural em suas criações. Entre as referências matemáticas mais icônicas para alcançar essa estética está a Sequência Fibonacci, uma sucessão numérica simples que, quando aplicada, revela padrões de equilíbrio presentes na natureza.

Na arquitetura, esse conceito ultrapassa a teoria para se tornar parte concreta do projeto, orientando o dimensionamento de espaços, fachadas e elementos decorativos. Essa lógica está associada diretamente à proporção áurea, também chamada de número de ouro, uma relação matemática que determina a composição ideal entre partes de um todo, criando ambientes que transmitem uma sensação de ordem e beleza natural.

O Taj Mahal aplica a proporção áurea em sua planta e elevação, organizando volumes e simetrias que reforçam a harmonia visual e espiritual do conjunto.
O Taj Mahal aplica a proporção áurea em sua planta e elevação, organizando volumes e simetrias que reforçam a harmonia visual e espiritual do conjunto. (The Architect's Diary/Divulgação)

A Sequência Fibonacci surge como uma ferramenta não apenas matemática, mas também estética, servindo como base para obras arquitetônicas de diferentes estilos e épocas. Dos templos gregos aos edifícios contemporâneos, é possível encontrar exemplos em que a proporção áurea orientou o design e a disposição dos elementos, proporcionando leveza e equilíbrio às construções.

O interesse renovado por esse princípio, especialmente com o avanço dos softwares de modelagem e simulação, permite que arquitetos explorem novas formas de aplicação, tanto na estrutura externa quanto nos detalhes internos de projetos.

O que é a sequência de Fibonacci

A sequência de Fibonacci é uma progressão numérica em que cada número é a soma dos dois anteriores. Sua razão tende à proporção áurea (1,618), valor associado à harmonia e frequentemente aplicado na arte, arquitetura e design.
A sequência de Fibonacci é uma progressão numérica em que cada número é a soma dos dois anteriores. Sua razão tende à proporção áurea (1,618), valor associado à harmonia e frequentemente aplicado na arte, arquitetura e design. (Reprodução/Divulgação)

A Sequência Fibonacci é uma sucessão numérica em que cada número subsequente é a soma dos dois anteriores, começando geralmente com 0 e 1. Ou seja: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34… e assim por diante. Essa progressão simples revela, em sua essência, um padrão que se aproxima cada vez mais da chamada proporção áurea — o número irracional aproximado de 1,618 — à medida que os números aumentam. Essa razão é encontrada na natureza em estruturas como conchas, galhos de árvores, flores, e até mesmo na disposição de planetas e galáxias.

Na matemática e na arte, essa sequência é usada como base para criar composições harmônicas, já que a proporção áurea é considerada uma medida ideal de equilíbrio.

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Na arquitetura, essa sucessão pode ser aplicada na organização de espaços, dimensionamento de áreas e no desenvolvimento de formas geométricas.

Um exemplo clássico é o Retângulo Áureo, cuja razão entre o lado maior e o lado menor é equivalente a 1,618. Ao dividir um retângulo áureo, a nova seção mantém essa mesma proporção, criando uma continuidade visual e estrutural que pode ser replicada em fachadas, ambientes internos e mobiliário.

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(Totem Learning/Divulgação)

O valor estético associado à sequência está justamente na sua capacidade de conduzir o olhar de maneira fluida e natural, sem causar estranhamento ou sobrecarga visual. Isso acontece porque o cérebro humano tende a reconhecer e apreciar padrões que se assemelham aos encontrados na natureza.

Assim, mesmo sem que o observador perceba racionalmente, a aplicação da Sequência Fibonacci transmite uma sensação intuitiva de conforto e harmonia. Por isso, arquitetos e designers têm usado esse princípio não apenas como inspiração, mas como ferramenta concreta no planejamento de seus projetos.

A proporção áurea nas construções

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O Partenon foi projetado com base na proporção áurea, presente na relação entre altura, largura e disposição das colunas, evidenciando a busca grega pelo equilíbrio perfeito. (Nikos Angelos Salingaros/Divulgação)

A proporção áurea sempre despertou o interesse de arquitetos ao longo da história. Templos gregos, igrejas renascentistas e palácios barrocos foram planejados com base nessa razão, resultando em obras que até hoje impressionam pela harmonia das formas.

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O Partenon, em Atenas, é um dos exemplos mais emblemáticos, pois seu projeto revela alinhamentos e proporções que se aproximam da razão áurea em diversas partes de sua estrutura. Essa busca pela harmonia geométrica era associada, na Antiguidade, à ordem divina refletida nas construções humanas.

Na arquitetura contemporânea, a proporção áurea continua sendo utilizada como parâmetro para definir o equilíbrio entre os volumes das edificações, a disposição das aberturas e até o posicionamento de elementos estruturais. Isso permite que projetos tenham uma composição visualmente agradável, com proporções que seguem uma lógica natural.

Além de fachadas, a proporção áurea pode ser empregada no traçado das plantas arquitetônicas, otimizando a circulação e a hierarquia dos ambientes de acordo com essa regra harmônica.

Essa aplicação vai além da estética e influencia também o bem-estar dos usuários. Ambientes organizados com base na proporção áurea são percebidos como mais confortáveis e acolhedores, pois respeitam a escala humana e o modo como o corpo e a mente reagem aos espaços.

Arquitetos utilizam essas medidas para criar edificações mais intuitivas, funcionais e equilibradas, o que é especialmente relevante em projetos de espaços públicos, culturais ou de convivência coletiva.

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Aplicações no design de interiores

Design de interiores e proporção áurea.
(Garage Farm/Medium/Divulgação)

Se no exterior das construções a Sequência Fibonacci e a proporção áurea garantem equilíbrio e harmonia, no design de interiores esses conceitos são igualmente valiosos. Projetar um ambiente envolve mais do que escolher móveis e cores — é necessário organizar os elementos de forma a criar uma composição coerente, capaz de proporcionar bem-estar e fluidez no uso do espaço. E é justamente aí que a lógica da sequência pode atuar como guia, ajudando a determinar a posição, proporção e relação entre objetos, texturas e volumes.

Ao aplicar a proporção áurea em ambientes internos, designers podem definir desde o tamanho ideal de uma mesa em relação ao ambiente até a altura e o espaçamento entre quadros em uma parede.

Por exemplo, a disposição de móveis e objetos decorativos dentro de um retângulo áureo tende a produzir uma composição visual mais agradável, com equilíbrio entre áreas cheias e vazias. Esse conceito também é usado na escolha de proporções entre superfícies, como a relação entre o comprimento e a largura de tapetes, cortinas ou luminárias.

Exemplos de projetos baseados nessa lógica

Escada em espiral na Art Gallery de Ontário, Canadá.
Escada em espiral na Art Gallery de Ontário, Canadá. (Ian Muttoo/Wikimedia Commons/Divulgação)

Diversos projetos arquitetônicos ao redor do mundo foram inspirados direta ou indiretamente pela Sequência Fibonacci e pela proporção áurea. Um dos exemplos mais conhecidos é a Basílica de São Pedro, no Vaticano, cujo traçado e disposição dos espaços internos seguem relações proporcionais que remetem à sequência. O mesmo acontece com a Catedral de Notre-Dame, em Paris, onde a harmonia das fachadas e vitrais reflete proporções próximas ao número de ouro.

O Modulor, de Le Corbusier, utiliza a proporção áurea e a sequência de Fibonacci para estabelecer medidas humanas ideais na arquitetura.
O Modulor, de Le Corbusier, utiliza a proporção áurea e a sequência de Fibonacci para estabelecer medidas humanas ideais na arquitetura. (Reprodução/Divulgação)

Na arquitetura moderna, o arquiteto Le Corbusier foi um dos maiores defensores do uso dessas proporções, criando o sistema Modulor — um esquema de medidas baseado na escala humana e na proporção áurea, que serviu como base para suas obras.

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Outro exemplo contemporâneo é o Museu Guggenheim, de Frank Lloyd Wright, cuja espiral de rampas internas se assemelha à espiral derivada da Sequência Fibonacci, proporcionando uma experiência de circulação fluida e intuitiva para os visitantes.

O Guggenheim Museum, de Frank Lloyd Wright, traduz a proporção áurea em sua espiral, evidenciando a aplicação da sequência de Fibonacci na arquitetura.
O Guggenheim Museum, de Frank Lloyd Wright, traduz a proporção áurea em sua espiral, evidenciando a aplicação da sequência de Fibonacci na arquitetura. (Alex Eckermann/Unsplash/Divulgação)

Em menor escala, projetos residenciais e comerciais também têm incorporado essas referências. Fachadas com janelas distribuídas segundo a razão áurea, jardins projetados com base em formas espirais e interiores organizados segundo o Retângulo Áureo são estratégias recorrentes entre arquitetos e designers atentos à importância dessa harmonia natural.

Esses exemplos mostram como conceitos matemáticos podem ser aplicados de maneira sensível e criativa, conferindo às construções um caráter atemporal e universalmente belo.

Conteúdo feito com o apoio de CASACOR Publisher, um agente criador de conteúdo exclusivo, desenvolvido pela equipe de Tecnologia da CASACOR a partir da base de conhecimento do casacor.com.br. Este texto foi editado por Yeska Coelho.

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