A corrida é um dos destaques do momento no universo do estilo de vida saudável. A prática se tornou tão popular nas ruas que colocou em voga um termo inédito nas redes sociais: “Running Era” — em português, “A Era da Corrida”.
Buscar por “Running Era” na barra de pesquisa do Instagram, TikTok ou Pinterest é encontrar nos resultados milhares de conteúdos sobre corrida. Dentre eles, os mais comuns são vídeos e fotos de pessoas correndo, tanto em competições como em treinos habituais.
Dados da Associação Brasileira de Corridas de Rua (ABCR), São Silvestre e Ticket Sports mostram que o interesse por esse esporte realmente cresceu no Brasil. Em 2023, foram realizadas 150 mil corridas de rua e houve um aumento de 13% no número de participantes em relação ao ano anterior. Hoje, a estimativa é que existem 13 milhões de corredores no país.
Qual o motivo de tantas pessoas estarem vivendo a Running Era?
Para a influenciadora digital Ju Mamute (Julia Giannella), que compartilha sua rotina saudável no TikTok e Instagram e soma mais de 2 milhões de seguidores nas duas redes sociais, a Running Era está em alta porque eclodiu um novo modo de se olhar para a corrida. “O grupo das pessoas que correm sempre existiu, mas agora estamos olhando para ele de uma forma diferente. A internet viu na corrida uma forma de inspirar pessoas, de motivar pessoas a terem uma vida mais saudável”, afirma.
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A Ju é um exemplo de quem foi na onda da Running Era. A influencer relata que nasceu em berço esportivo e já praticou vários esportes diferentes, mas quando começou a pandemia de Covid-19, passou a negligenciar a alimentação saudável e o exercício físico. Depois de dois anos de sedentarismo, decidiu dar uma chance para a academia, onde permanece até hoje firme e forte em seu terceiro ano de musculação.
No ano passado, à procura de um exercício cardiovascular prazeroso, a criadora de conteúdo incrementou a corrida no seu lifestyle. “Vi muitas pessoas correndo e a sensação da corrida parecia incrível”, conta. Porém, ao contrário da sua experiência com a musculação, a Ju não se adaptou à corrida logo de cara: “A corrida é um esporte muito difícil, eu corria por dois minutos e ficava cansada”
Após dois meses, a desistência veio, junto com a convicção de que esse esporte não era para ela. “A gente que não entende de corrida e começa do nada, acha que vamos começar sabendo, mas não”, diz.
Quando a influencer mudou do interior de São Paulo para o Rio de Janeiro, ela tentou novamente. Dessa vez, com uma cabeça diferente: “Não comecei falando ‘eu preciso correr 5km, 10km’. Decidi que precisava começar tentando, e aí sim eu comecei a gostar da corrida”. Em sua primeira corrida de rua, conseguiu correr 5km — sem antes ter feito 1km direto.
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O que as corredoras de longa data pensam sobre a Running Era?
Outras influenciadoras como Gabi Guther e Julia Sette deram a largada na corrida bem antes do termo Running Era existir. A Gabi teve seu primeiro contato com o esporte por influência da mãe durante a adolescência, mas só foi pegar gosto aos 19 anos, quando decidiu fazer uma prova de corrida em revezamento na praia, em 2018. “Todo mundo correndo junto, foi uma energia muito boa. A partir daí eu nunca mais parei”, diz.
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Julia está inserida há ainda mais tempo no universo da corrida: já faz 20 anos que a influenciadora e jornalista começou a correr. Ela relata que acessava o YouTube para obter mais informações sobre o esporte: “Não existia esse universo de influencer de corrida, as pessoas não falavam sobre isso. Correr era uma coisa normal da vida”. Por diversão, passou a dar dicas sobre o esporte em vídeos no Snapchat e Instagram e, quando foi ver, em 2015 já acumulava cerca de 40 mil seguidores.
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Em seus aproximados 10 anos produzindo conteúdo sobre corrida, Julia avalia que o boom do esporte começou em 2022. E é claro: o fenômeno da Running Era impactou em seu número de seguidores e mudou o ritmo do engajamento do seu perfil. “Viralizou muito, agora é mais fácil viralizar com os posts da corrida, então aumentou muito mais o meu número de seguidores. Acho que eu estou alcançando muitas pessoas”, relata.
Tanto para Julia, quanto para Gabi, existem dois principais motivos para o aumento do número de corredores nos últimos anos: a descoberta de uma atividade física prática e prazerosa e a sensação de pertencimento.
“As pessoas estão descobrindo que podem encontrar a força, a evolução e o sucesso delas em uma coisa que elas achavam que não era possível antes. Running Era é você conhecer pessoas novas, descobrir que você pode evoluir e encontrar um lugar novo para você na sua própria era”, descreve Julia.
Nas palavras de Gabi, “A Running Era é o movimento das pessoas decidindo cuidar da própria saúde, mas encontrando algo que elas gostem, porque a corrida traz essa conexão, esse pertencimento, essa comunidade. É algo que dá para fazer em grupo, dá para fazer sozinho, em viagens, dá para fazer onde for!”.
Afinal, como começar a correr?
“Tentando. Não é fácil para ninguém, provavelmente não vai ser fácil para você, mas sempre vai valer a pena”, Ju Mamute.
“Comece sem pressa porque é um esporte que requer muita frequência e condicionamento para você ir melhorando, mas precisa ter paciência”, Gabi Guther.
“Respeitando o processo para estabelecer uma relação longo prazo. As relações mais fortes e saudáveis levam tempo”, Julia Sette.
Os respectivos conselhos das entrevistadas Ju Mamute, Gabi Guther e Julia Sette formam um verdadeiro consenso. Todas falam sobre a necessidade de entender o seu próprio ritmo para o processo não culminar em desistência. Além disso, reforçam a importância de procurar profissionais e treinamentos adequados, a fim de preparar corretamente o corpo e a musculatura para o esporte e evitar lesões.
Após trabalhar a mente, outro fator que te pode dar um up na corrida, segundo as influencers, é encontrar uma vista bonita para apreciar.
Em São Paulo, elas apontaram o Parque Ibirapuera, Minhocão, Parque Villa Lobos, Cidade Universitária e o Parque Linear Bruno Covas como os melhores lugares para correr. No Rio de Janeiro, elas citam a Orla de Copacabana e Ipanema, a Lagoa Rodrigo de Freitas e como grande campeã: a Vista Chinesa.