Tapeçaria contemporânea: 5 artistas têxteis que você precisa conhecer!
Cores, texturas e volumes atraem o olhar no trabalho desses profissionais que se inspiram na natureza e em suas emoções mais profundas

Considerada uma técnica ancestral, a tapeçaria vem retratando o mundo ao longo da história por meio de reprodução de cenas cotidianas ou figuras abstratas. No Brasil, especialmente no período do modernismo, alguns artistas deixaram um legado essencial para a cena artística atual, a exemplo de Jacques Douchez (1921-2012) e Jean Gillon (1919-2007). Apesar disso, a tapeçaria seguiu seu curso de evolução pelos anos, ganhando novas técnicas e abordagens. A seguir, selecionamos cinco artistas que se destacam no universo da tapeçaria contemporânea que você precisa conhecer.
Carolina Kroff

Arquiteta de formação e artista por vocação, Carolina Kroff tem como inspiração para seu trabalho as vastas florestas, matas e praias brasileiras e todas as paletas de cores que elas exibem. Ela cria suas tapeçarias a partir da fibra de algodão em um processo que vai além da junção desses fios para a criação um obra. Há muita conexão, intensidade e autenticidade entre cada fibra. “Fico admirada com a beleza das sombras únicas de cada fio combinadas às suas micro texturas. As camadas sobrepostas me surpreendem, saltando aos meus olhos como figuras”, revela. Com uma volumetria interessante, as peças podem ser apreciadas à distância ou de perto, quando é possível descobrir novas perspectivas. A artista brinca com a combinação de luz, sombra, cores e texturas para trazer profundidade, mas não abandona o lado racional, vindo da arquitetura, que contribui para trazer formas geométricas e objetividade. A artista expõe seus trabalhos nos principais eventos de design, como a Semana de Design de Milão e as mostras de CASACOR pelo Brasil — a obra abaixo fez parte do ambiente Oficina do Amanhã, do Octaedro Arquitetura, na CASACOR Santa Catarina 2024.
Mariana Tanajura

A paixão pela tecelagem fez com que Mariana Tanajura migrasse da publicidade para o universo das artes. Suas obras são marcadas por linhas abstratas e são criadas com o propósito de transmitir sensações e emoções, trazendo à tona, muitas vezes, suas próprias memórias afetivas. Outra característica do trabalho da artista é a mescla do tear tradicional com técnicas contemporâneas, aliadas ao conceito de imperfeição, reforçando a beleza do fazer artesanal. Atualmente, Mariana está desenvolvendo obras da coleção Essência na Trama (abaixo, obra Remanso), que é resultado de uma imersão na fazenda de cacau da família, no Sul da Bahia, onde as memórias vividas durante a infância, marcaram o início de sua jornada de autodescoberta.
Jessica Costa

Jessica Costa é uma voz potente na arte têxtil contemporânea no Brasil. A artista tem uma produção que parte da técnica da tufagem manual — processo em que utiliza pistolas elétricas e pneumáticas sobre uma base de tecido — para criar esculturas tridimensionais em lã natural. Ela pinta verdadeiras telas com fios ao explorar paletas de cores diversas, criando superfícies que evocam a suavidade do toque e a densidade da escultura ao mesmo tempo. Na recente série Sobejos (abaixo), exposta na SP-Arte 2025, Jessica parte da moldura para construir uma narrativa visual que cresce para além dos limites. A artista tem formação em moda, mas sua jornada usando o têxtil como arte teve início por meio da prática e do ensino do tricô e da tapeçaria.
Lorena Bruno
Lorena Bruno cresceu em uma família de costureiras e os tecidos, linhas e retalhos sempre estiveram presentes na infância da artista visual. Aos 14 anos saiu do Brasil para trabalhar como modelo, e a moda e a indústria têxtil tiveram novamente papel importante na vida dela. No exterior, se aproximou ainda mais das artes, conheceu museus e novas culturas. Tudo isso a inspira até hoje e se materializa em suas obras. Formada em design de interiores e mobiliário, ela escolheu tramar os fios no seu dia a dia de trabalho. De acordo com a artista, há poesia no ato de conectá-los para que possam ser transformados em algo belo. “A arte tem sido uma terapia e tem curado em mim marcas profundas, é lindo ver o que podemos produzir com as próprias mãos. Cada peça produzida no atelier leva um pedaço de mim, dos sentimentos e momentos que eu vivi durante a fabricação. É muito gratificante ver estes pedaços se espalhando por aí”, diz.
Renato Dib

Formado em artes plásticas, Renato Dib começou sua produção artística com as técnicas de pintura e colagem. Mas, depois de um tempo, expandiu seu trabalho para a pesquisa de matérias têxteis e objetos do cotidiano. As obras são construídas a partir de técnicas de costura, bordado, patchwork, tricô, assemblagem e colagem. O resultado são camadas de tecidos e papéis variados, muitas vezes em transparências que lembram o efeito visual aguado da aquarela. Aos poucos, os materiais saem do plano e ganham volume e formas tridimensionais, quase sempre em alusão às partes do corpo humano. Renato dedica-se também a cursos e trabalhos nas áreas de artes, arteterapia, história da arte, decoração, design, moda e joalheria.