Mostra em São Paulo cria ilusões de ótica em paredes de palacete histórico

Individual de Felice Varini traz quatro obras inéditas concebidas especialmente para a arquitetura do Instituto Artium; a entrada é gratuita

Por Nádia Sayuri Kaku
9 fev 2022, 15h00

Mostra em São Paulo cria ilusões de ótica em paredes de palacete histórico — – (Julia Thompson/CASACOR)

Um desenho geométrico que parece completo quando se observa a partir de um único ponto focal, mas que se espalha em paredes e superfícies assim que nos movemos pelo espaço: esse é o mote do trabalho de Felice Varini, francês radicado na Suíça e que tem como característica mesclar cenografia, pintura e fotografias em suas obras. Para sua primeira exposição individual no Brasil, o artista criou quatro instalações inéditas, concebidas especialmente para a arquitetura do Instituto Artium, em São Paulo.

Zig Zag De Quatorze Triangles, Doubles Cercles Concentriques, Sept Arcs De Cercles e Douze Petits Disques Dans Le Grand criam formas geométricas na fachada do palacete e em três salas internas. Quando a imagem dimensional ganha três dimensões, manchas de tintas aparecem em colunas, corrimãos e janelas. A intenção aqui é provocar questionamentos sobre a realidade e a ficção do espaço arquitetônico, fazendo com que o público seja ator da própria experiência.

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A mostra tem curadoria de Franck Marlot e fica em cartaz até o dia 27 de fevereiro. A entrada é gratuita e é necessário fazer agendamento online pelo site.

Instituto Artium

O palacete de 1.700 m² foi construído para ser a residência do primeiro cônsul da Suécia em São Paulo, em 1921, passou por duas das grandes famílias paulistas de barões do café e foi propriedade do Império do Japão por 67 anos (de 1940 a 2007). A residência foi fechada durante a Segunda Guerra Mundial e, em 1970, como testemunho da história do Brasil de então, o cônsul-geral do Japão foi sequestrado quando chegava ao local.

Tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e reconhecido como patrimônio histórico, o imóvel de arquitetura eclética foi construído no estilo Luís XVI modernizado.

Degradado desde 1980, o espaço foi assumido pelo Instituto Artium em 2019. Seu presidente, o empresário Carlos Cavalcanti, conta que uma das missões foi executar um minucioso trabalho de restauro visando a manutenção e a recuperação do patrimônio histórico, revitalizando jardins marcados pela cultura japonesa, sua fachada em estilo francês e recuperando elementos ornamentais e decorativos da arquitetura da época de sua construção.

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