Marina Abramović inaugura primeira obra aberta ao público no Brasil
A recente obra da renomada artista sérvia convida os espectadores a se reconectarem com a natureza e o momento presente
Num mundo onde a interconexão digital reina, paradoxalmente, muitos sentem uma desconexão genuína consigo mesmos, com os outros e com a natureza. Ao mesmo tempo em que a tecnologia facilita as relações, ela também nos afasta da verdadeira presença. Nesse contexto, a arte emerge como uma âncora para o momento presente, e é assim que Marina Abramović, líder mundial em performance artística, inaugurou no início do mês de fevereiro sua primeira obra em espaço aberto ao público no Brasil, na Usina de Arte, em Pernambuco.
Generator é uma exploração das relações entre humanos e elementos naturais, utilizando pedras e cristais brasileiros, especialmente quartzo rosa proveniente de Minas Gerais. Com um muro de 25 metros de comprimento, a obra convida o público a interagir, encostando suas cabeças, corações e estômagos nas pedras, conhecidas por transmitirem calma e clareza. Abramović propõe essa interação como uma forma de restaurar nossa conexão com a natureza e o presente, em meio a um mundo turbulento.
A artista trabalha com o conceito de “objetos transitórios”, incentivando o público a se tornar parte ativa da obra. Essa interação é fundamental para sua visão artística, na qual os espectadores se transformam em experimentadores dos objetos, criando um fazer artístico conjunto. Além disso, Abramović tem uma longa história de exploração espiritual no Brasil, documentada em “Espaço Além – Marina Abramović e o Brasil”, lançado em 2016.
“Vivemos uma época de guerras, violência, pobreza e aquecimento do nosso planeta. O rápido desenvolvimento técnico afastou-nos da natureza e perdemos a capacidade de usar a intuição, a telepatia e de lembrar dos nossos sonhos. Perdemos nosso centro espiritual”, explica Marina Abramović.
A colaboração entre Abramović e a Usina de Arte representa uma união entre a história do local e a visão artística da renomada artista, consolidando o papel da Usina como um centro cultural dinâmico e inclusivo. Essa iniciativa não apenas enriquece a comunidade local, mas também contribui para o diálogo global sobre arte, natureza e espiritualidade.