Exposição em São Paulo reúne mais de 400 peças de artesanato brasileiro
No Farol Santander São Paulo, mostra Brasil: Arte Popular reúne esculturas, cerâmicas, pinturas, máscaras, vestimentas e instrumentos. Confira fotos!

O Farol Santander São Paulo recebe até 23 de novembro a exposição Brasil: Arte Popular, com curadoria de Leonel Kaz e Jair de Souza. A mostra reúne cerca de 200 conjuntos artísticos, totalizando mais de 400 itens que representam a inventividade, a força simbólica, as tradições, as origens e a relevância de uma arte moldada pelas mãos dos brasileiros. Em mais de 600 m² de área expositiva, são contemplados artistas e trabalhos desde os primórdios da criação em território nacional até a contemporaneidade. A exposição ocupa as galerias dos andares 20 e 19 e conta também com interatividade a partir de uma mesa percussiva digital e instrumentos musicais artesanais e orgânicos.

“Esta é uma exposição espetáculo, possivelmente, a maior sobre arte popular brasileira já realizada. Nossa arte popular é nossa história. Há uma África inteira dentro de cada um de nós. Há uma inteira América também. Mostrar a força desses territórios e dessas origens não apenas por palavras, mas por objetos criados pela mão inventora de coisas, é o propósito da exposição”, analisa o curador Leonel Kaz.

Alguns mestres são homenageados com salas próprias, como Nino (CE), Zé do Chalé (SE) e Mestre Cunha (PE). Destaque também para trabalhos de Mestre Vitalino (PE), Ana das Carrancas (PE), Conceição dos Bugres (MS), Nhô Caboclo (PE), Oziel (PB) e Jacinta Francisca Xavier (MG), entre outros. “São trabalhos de conteúdo histórico, desde os pioneiros no artesanato popular até os dias de hoje”, comenta Maitê Leite, vice-presidente Institucional do Santander Brasil.

A expografia foi pensada como instalações de arte, nas quais as obras transcendem a elas mesmas, pois passam a ser protagonistas, desenhando o espaço. O percurso livre, sem divisões, permite ao público adentrar, de fato, no universo imagético das obras. Estão expostas esculturas de madeira e barro, além de cerâmicas, pinturas sobre tela e madeira, máscaras e figura zoomorfas, vestimentas e instrumentos musicais artesanais e objetos lúdicos e surrealistas.

A iluminação é feita de modo a teatralizar os ambientes, valorizando cada objeto ou conjuntos agrupados. Projeções em vídeo de frases ditas pelos artistas participantes, além de imagens diversas, criam um verdadeiro aspecto de integração.“Queremos que o visitante perceba e sinta que este Brasil que estará exposto é o mesmo Brasil que nos habita por dentro, nossa formação, o que anima e envolve nosso olhar e nossos sentidos”, reflete o curador Jair de Souza.
Curadoria e circuito
Os dois andares são ocupados de acordo com um recorte curatorial que envolve a criação popular de 21 estados brasileiros. Esses trabalhos fazem parte de um projeto cenográfico, com iluminação e projeções de imagens de grande impacto, acrescida pela interação de ritmos e percussões produzidas pelos próprios visitantes de forma interativa. O circuito é divido em cinco grandes setores:

O Grande Salão e Dupla Vitrine revelam uma síntese de dezenas de artistas que trabalham com diversos materiais: barro, fibras, madeira, algodão, ferro, cobre, couro, folha-de-flandres, penachos. Toda essa gama de matéria-prima, somada à inventividade do brasileiro em diversas técnicas, corroborou na criação de objetos utilitários para casa, festas, celebrações religiosas, roupas, música e temas sociais. O espaço reúne obras de artistas consagrados como Mestre Vitalino (PE), Dona Izabel (MG), Dona Irinéia (AL), Ana das Carrancas(PE), Conceição dos Bugres(MS), Nhô Caboclo (PE), Mestre Vieira (AL), Oziel (PB), Noemisa (MG), Resendio (AL), Jacinta Francisca Xavier (MG), Wuelynton Ferreiro (RJ), entre outros.

Em Procissões e Vestimentas, a miscigenação entre o europeu, o ameríndio e o negro africano apresenta máscaras, indumentárias, coreografias e sonoridades que fazem as festas populares brasileiras e tomam forma por meio das procissões ou cordões, sempre acompanhados de instrumentos e cantorias. Uma coleção notável desses “festeiros” em pequeno formato, todos feitos de argila, mostra o Cortejo da Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte, de Cachoeiro, Bahia, formado apenas por mulheres afrodescendentes idosas, assim como o Maracatu Rural, de Pernambuco. Outro destaque são duas grandes vestimentas contemporâneas dos HOMENS DE LATINHA de Madre de Deus, Recôncavo Baiano – ao lado de um vídeo que mostra o desempenho do grupo.

Na seção de Pinturas e Máscaras, uma das paredes laterais reúne pinturas de artistas das matrizes afrobrasileiras, quilombolas e de povos originários, como Antonio Poteiro, Alcides, Moacir, Chico da Silva, Paulo Pedro Leal, Ranchinho e Julio Martins da Silva. No lado oposto, o visitante encontra 28 rostos de cerâmica/pintura da escultora Ciça (Ceará), Maria de Lourdes Cândido e filhas, assim como bonecos de papel maché de diferentes artistas com rostos zoomorfos. O conjunto deles revela uma poderosa combinação de cores como se fosse uma única e imensa pintura.

A parte de Instrumentos Musicais Artesanais e a Mesa da Batucada permite aos visitantes fazerem soar diferentes tipos de tambores e instrumentos percussivos, numa atividade lúdica e interativa. Vale lembrar que, no Brasil, os instrumentos ganharam novas formas de expressão, a exemplo do berimbau, usado no jogo da capoeira. A montagem exibe instrumentos musicais e permite a cada visitante criar a sua própria batucada, com um toque pessoal. Há também instrumentos criados a partir de sementes pelo mestre Gregory Martins, especializado na busca e revelação de materiais biopercursivos.

Por fim, logo na entrada, a potência e a majestade da arte dos nossos mestres populares se mostra como uma floresta de imensos troncos, esculpidos nas formas de humanos-bichos e bichos-humanos. Os objetos são realizações que trazem os imaginários coletivos de todos nós, as memórias arcaicas de origem indígena, africana, europeia e os lugares em que eles são realizados. Principais artistas representados: Véio, Mestre Cornélio, GTO, Manoel Graciano, Mirama, Mestre Laurentino, Itamar Julião, Jadir João Egidio, Mestre Guarany, entre outros.
Serviço – Exposição Brasil: Arte Popular
- Endereço: rua João Brícola, 24 – Centro (estação São Bento – linha 1, azul do metrô), São Paulo
- Quando: até 23 de novembro. De terça-feira a domingo, das 09h às 20h
- Ingressos: R$ 45 (R$ 22,50, meia-entrada)
- Mais informações: farolsantander.com.br


























