Pavilhão do Brasil conquista prêmio internacional na Expo Osaka
Mostra propõe diálogo entre cultura brasileira, arte sustentável e diplomacia em meio à crise climática

O Pavilhão do Brasil na Expo Osaka 2025 recebeu reconhecimento internacional ao conquistar a medalha de prata na categoria “Conceito”, concedida pelo comitê organizador do evento no Japão. A premiação reforça a relevância do projeto — que ultrapassa a estética e desafia a noção convencional de exposição. O pavilhão, que já recebeu mais de 1,5 milhão de visitantes durante a exposição, se consolida como um ponto de encontro que celebrou experiências, encontros, provocações e perguntas que tecem uma narrativa sobre a presença brasileira no mundo.

Em tempos de crise climática, a sustentabilidade deixa de ser apenas linguagem de projeto e se afirma como postura de vida. O pavilhão, sob direção de Bia Lessa, incorporou essa urgência com poesia e rigor, sem recorrer ao óbvio. Utilizou materiais recicláveis, cultivou um espaço respirante e dissolveu fronteiras entre interior e exterior. O ciclo de experiências convidou o público a abandonar a passividade diante da arte e da arquitetura; ali, o sensorial e o coletivo coexistiram em harmonia, propondo um exercício de atenção e presença.

A premiação reforça a autenticidade do caminho escolhido pelo Brasil, em que a sustentabilidade se desloca do campo das técnicas para o território dos valores. A energia dourada e translúcida do espaço não apenas homenageou a vitalidade brasileira, mas também convidou cada visitante a refletir sobre seu papel na renovação e no cuidado com o planeta.
O percurso do pavilhão foi desenhado em cinco etapas inspiradoras — silêncio, despertar da vida, diversidade, interconexão e recriação. No centro da experiência, palavras em português, inglês e japonês se espalharam como fragmentos de pensamento, criando pontes afetivas e intelectuais entre culturas.

Mas o verdadeiro sentido do projeto se revelou na resposta do público. Visitantes de todas as partes do mundo — especialmente japoneses — interagiram com a proposta, dançaram com os parangolés, se pintaram e se emocionaram ao reproduzir a energia vibrante do Brasil – em um verdadeiro testemunho de que o alcance simbólico e sensorial de uma criação fala com o corpo antes de falar com a razão. A instalação “Parangoromos” sintetizou essa travessia entre Brasil e Japão, unindo o legado de Hélio Oiticica e a ancestralidade do Hagoromo.

A mostra não se limitou ao campo do contemplativo: abriu-se ao diálogo prático e diplomático. Debates, encontros culturais e reuniões de negócios compartilharam o mesmo solo fértil, recebendo mais de 700 autoridades e consolidando o pavilhão como um espaço de convergência entre cultura, inovação e política internacional. Essa dimensão reafirma o Brasil como país que valoriza não apenas a produção, mas também a circulação de saberes e afetos.
Ao observar essa realização, a CASACOR reconhece um gesto que inspira e amplia a compreensão sobre o papel das exposições no mundo contemporâneo. O legado da participação brasileira vai além da premiação: sugere que cada projeto, quando impregnado de propósito, é capaz de transformar a percepção sobre os limites e as possibilidades do viver coletivo. A medalha de prata torna-se, assim, símbolo de reconhecimento, mas sobretudo de compromisso contínuo com a beleza sustentável, a diversidade cultural e a renovação dos pactos diante das urgências ecológicas da atualidade.

Adotar estratégias de sustentabilidade deixou de ser discurso e tornou-se premissa ética no design e na arquitetura. O Pavilhão do Brasil evidencia como arte e inovação podem inspirar soluções diante das incertezas que marcam o debate internacional sobre o meio ambiente. O olhar curatorial de Bia Lessa revelou novas possibilidades de reconexão com o essencial — da escolha de materiais recicláveis ao diálogo orgânico entre arquitetura, natureza e experiência. O circuito sensorial promoveu uma reeducação dos sentidos e despertou perguntas abertas ao público: como transformar o ordinário em extraordinário? Como superfícies infláveis, que respiravam como organismos vivos, podem despertar novas formas de interação? No entrelaçar de luzes, sons e movimentos, emergiu o convite à atenção plena — à experiência viva do tempo e do espaço.
Ao dissolver fronteiras entre interior e exterior, o projeto reinventou a relação do público com o território. Transparência e permeabilidade deixaram de ser soluções estéticas para se tornarem um manifesto silencioso sobre o papel da arquitetura como mediadora de ecossistemas urbanos e simbólicos — efêmeros na forma, mas duradouros na memória coletiva. O reconhecimento internacional concedido à ApexBrasil deve ser compreendido como um convite ao engajamento ativo. O caminho traçado pelo Brasil na Expo Osaka ecoa como um farol para o futuro: design e arquitetura ganham sentido pleno quando refletem, acolhem e transformam.