Notre-Dame reabre após 5 anos: entenda a obra de reconstrução
Catedral no coração de Paris reabre ao público neste domingo (8) completamente reformada após incêndio devastador em 2019
Cinco anos após um incêndio devastador, a Catedral de Note-Dame – ícone religioso e símbolo cultural da França, e também ponto de encontro para o turismo de Paris – já tem data marcada para reabrir suas portas ao público: o próximo domingo, 8 de dezembro. A obra de restauração, que reuniu dois mil trabalhadores e artesãos especializados, será celebrada em uma cerimônia de reabertura na noite anterior (7), apenas para convidados, que será transmitida globalmente
Construída entre 1160 e 1345 em estilo gótico, a Catedral de Note-Dame é visitada anualmente por 12 milhões de turistas. A obra é considerada Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1991. Em 15 de abril de 2019, um incêndio devastador tomou conta da Notre-Dame, chocando a comunidade global.
A obra de reconstrução
Tudo foi reconstruído para a reabertura da Notre-Dame: tanto as partes danificadas pelo incêndio, quanto aquelas que não foram afetadas. Embora o projeto tenha priorizado manter a aparência original, a Notre-Dame restaurada ganhou um novo espaço, mais luminoso e limpo, que oferece uma nova experiência aos visitantes.
O exterior do edifício foi protegido e estabilizado com um reforço de 991 m³ de calcário que substituiu o que havia sido danificado. Já as paredes e estátuas tiveram sua fuligem removida, pinturas danificadas por fumaça e água foram consertadas e a estrutura original do telhado de carvalho foi reconstruída. A torre de Viollet-le-Duc, que foi totalmente consumida pelas chamas e desabou de uma altura de 93 metros, foi reconstruída de forma idêntica, agora recoberta por madeira e chumbo.
Foram também instaladas medidas de segurança modernas, incluindo alarmes, paredes corta-fogo atualizadas e sistemas de extinção de incêndios.
Novo circuito
A reabertura também prevê a introdução de um novo circuito para visitantes, que terá uma dimensão educacional. Dessa forma, ao entrar no portal central do Juízo Final, os visitantes se deslocarão no sentido horário, com pinturas e esculturas que primeiro retratam o Antigo Testamento e cenas cronológicas da vida de Jesus Cristo, seguidas pela ressurreição. O destaque será a Coroa de Espinhos, a preciosa relíquia que antes estava guardada na sala do Tesouro e agora está totalmente exposta em um novo e elaborado relicário projetado por Sylvain Dubuisson e instalado na capela axial.
“Em última análise, [o circuito] será uma grande jornada de redescoberta, fazendo com que as pessoas entendam o significado desta catedral”, explicou Olivier Josse, secretário geral da catedral.
Próximos passos
As obras na parte externa da catedral continuarão. Na verdade, a cidade está investindo aproximadamente 50 milhões de euros para criar 1800 m² de espaço verde em uma área propícia para pedestres.
O paisagista belga Bas Smets venceu o concurso internacional para redesenhar os arredores da catedral com um plano que prevê a criação de um “microclima” por meio de vegetação e uma fonte de água. Com dimensões semelhantes às do interior da catedral, o pátio será redesenhado como uma “clareira” entre as árvores – com 160 árvores adicionais plantadas para fornecer sombra no verão.
Onde que antes era o estacionamento subterrâneo será transformado em um calçadão coberto que lembra as famosas passagens do século 19 de Paris. Ele também terá um centro de visitantes que incluirá uma livraria, banheiros e um café. O mais importante é que ela se conectará diretamente ao Rio Sena e à cripta arqueológica, um museu menos conhecido que exibe antigos vestígios galo-romanos descobertos durante escavações no coração histórico de Paris.
O projeto – que terá início no outono de 2025, com previsão de conclusão da primeira fase em 2027 – visa melhorar a recepção dos visitantes.
Informações: National Geographic