Grandes escritórios marcam presença na Bienal de Arquitetura de São Paulo
Alinhados ao tema da mostra, os projetos apresentam propostas baseadas em inovação, sustentabilidade e tecnologia

De 18 de setembro a 19 de outubro de 2025, a Oca, no Parque Ibirapuera, vai sediar a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIAsp), um dos principais eventos de arquitetura e urbanismo do país. Com a participação de arquitetos e projetos de diferentes países, a Bienal acontece este ano sob o tema “Extremos”, propondo reflexões sobre contrastes e urgências contemporâneas, como os eventos climáticos extremos e o limite para a vida humana. A principal delas é: qual é o papel da arquitetura para reverter esse cenário? As soluções podem estar baseadas em ciência e tecnologia ou em saberes tradicionais dos povos. A partir deste questionamento essencial para o nosso futuro no planeta, escritórios de arquitetura renomados apresentam suas propostas durante a mostra. Mostramos logo abaixo uma seleção dos principais destaques. Confira e programe sua visita!
14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo – BIAsp
Período de visitação: 18 de setembro a 19 de outubro de 2025
Local: Oca – Parque Ibirapuera
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Portão 2, Moema, São Paulo
Entrada gratuita
Studio Arthur Casas

Durante a 14ª Bienal de Arquitetura, o Studio Arthur Casas, em colaboração com o Instituto Arthur Casas de Arquitetura e Inovação (IACAI), apresenta uma linha do tempo que sistematiza projetos arquitetônicos e urbanísticos concebidos para abordar os desafios impostos pelas mudanças climáticas em diferentes escalas. Os projetos selecionados abrangem uma diversidade de contextos geográficos e climáticos, desde intervenções em ambientes urbanos densos, como o Edifício Ícaro, em Curitiba, até iniciativas na Amazônia Legal, como o Centro de Intercâmbio Moitará, localizado no Parque Indígena do Xingu, e o MuCA em Belterra (PA). Essas obras exemplificam uma abordagem arquitetônica que prioriza a integração com as especificidades bioclimáticas e culturais de cada localidade, promovendo soluções que articulam inovação tecnológica e responsabilidade ambiental.
aflalo/gasperini arquitetos

O escritório aflalo/gasperini arquitetos apresenta na Bienal de Arquitetura dois projetos alinhados ao compromisso da empresa com inovação e sustentabilidade. O Salma Tower é um edifício corporativo na Avenida Faria Lima, em São Paulo, tem 16 andares e incorpora florestas verticais em espiral — com bosques de 110 m² em cada pavimento, totalizando 1.760 m² de vegetação — criando um microclima interno que melhora o conforto térmico e acústico dos ambientes. O projeto recebeu recentemente a certificação LEED Platinum e abriga no lobby uma instalação monumental de Damien Hirst, dialogando com arte e cultura no cotidiano da cidade Já o Residencial Brisas Avaré, às margens da represa Jurumirim, no interior paulista, é um dos primeiros condomínios do país a adotar MLC (madeira laminada colada) em larga escala para áreas comuns como hangar de barcos, academia, restaurante, spa e hospedagem. Ao todo, são mais de 6 mil m² construídos, resultado da parceria do escritório com a ITA Engenharia.
Guá Arquitetura

O pavilhão de miriti — idealizado pelo escritório de arquitetura paraense Guá Arquitetura, em parceria com o Atelier Miriti Sustentabilidade do mestre Joel Cordeiro — apresenta o miriti como tecnologia social e matéria de vanguarda. Originário da palmeira amazônica Mauritia flexuosa, o material faz parte da cultura da cidade de Abaetetuba, no pará, onde o artesanato em miriti sustenta famílias e mobiliza um repertório simbólico. Nessa proposta, esse saber ancestral encontra a engenharia contemporânea e revela um material capaz de reconfigurar o vocabulário da arquitetura do século XXI. De acordo com os arquitetos, pesquisas indicam que o pecíolo do miritizeiro é cerca de seis vezes mais leve que uma madeira comum, além de ser resistente e durável. Quando beneficiado corretamente, o desempenho supera a resistência do MDF comum.
FGMF Arquitetos

Em Iapevi, a apenas 30 minutos da capital paulista, um terreno de mais de 1 milhão de m² de Mata Atlântica abriga o Distrito Itaqui — o primeiro distrito verde de inovação e tecnologia do Brasil e sede do Instituto Itaqui, frente de educação e pesquisas voltadas para inovação e sustentabilidade. Missão que tem relação direta com o tema da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Foi essa premissa, inclusive, que baseou o projeto desenvolvido pelo escritório FGMF Arquitetos para a construção de duas novas edificações no Itaqui e apresentadas na Bienal. São dois núcleos distintos: o educacional, formado por blocos suspensos que evocam a copa das árvores e criam a sensação de caminhar sob elas, e o núcleo de hospitalidade, batizado de Semente, com construções semi-enterradas, que se integram à topografia irregular, transformando o relevo em parte essencial da experiência. A proposta desenvolvida pela FGMF Arquitetos parte de um território desafiador, com um terreno de topografia acidentada, marcado por desníveis. Mas, em vez de nivelar o solo, a proposta dos arquitetos é aproveitar a irregularidade e encaixar as novas construções em áreas sem vegetação nativa, respeitando a floresta e permitindo que a própria mata se recupere e expanda seus espaços.
Poles + Architects Office

O escritório Architects Office (AO) expõe na Bienal de Arquitetura o Forest Gens, um projeto de cartografia crítica que revela a extensão das transformações antropogênicas na Amazônia. Por meio de técnicas avançadas de mapeamento no contexto amazônico, a iniciativa torna visíveis as múltiplas camadas que compõem a região. Desde a pegada das sociedades atuais até manipulações territoriais que datam de séculos atrás, o mapeamento apresenta a Amazônia como uma paisagem complexa e moldada pelo ser humano, e não como uma floresta homogênea e intocada. Além disso, o trabalho retrata o território amazônico em múltiplas escalas, destacando como a interação entre a geografia e as intervenções humanas — passadas e presentes — permite desenvolver hipóteses sobre a ocupação da região.
UNA Barbara e Valentim

O escritório UNA Barbara e Valentim participa da Bienal com o Modular Bahia, primeira residência realizada a partir do sistema construtivo Modular BV, desenvolvido com madeira engenheirada de reflorestamento. O projeto alia industrialização, baixo impacto ambiental e adaptação ao clima tropical úmido, apontando caminhos para novas formas de habitar. Localizado na Costa do Cacau, no litoral sul baiano, o Modular Bahia está inserido entre o rio e o mar, em meio a um coqueiral, próximo a uma importante reserva de mata tropical. Diante das mudanças climáticas e do impacto da construção civil na emissão de carbono, o sistema foi desenvolvido para unir as vantagens de um produto industrializado ao uso de matéria-prima renovável.
Königsberger Vannucchi

A Königsberger Vannucchi apresenta o projeto urbano do Eixo Platina e o edifício Platina 220, que exemplificam como a arquitetura pode enfrentar questões centrais da cidade: a criação de novas centralidades que aproximam moradia, trabalho e serviços, a redução de deslocamentos cotidianos e a adoção de soluções construtivas voltadas à eficiência energética e ao conforto ambiental. Na exposição geral serão apresentados o projeto urbano do Eixo Platina, responsável por reconfigurar o Tatuapé como nova centralidade urbana, e o edifício Platina 220, que com 172 metros de altura e 49 andares reúne em uma única torre lojas, hotel, unidades residenciais, escritórios comerciais e lajes corporativas. Esse programa diversificado exigiu uma organização precisa dos fluxos de circulação vertical, apresentada em um diagrama que integra a mostra.
Lins Arquitetos

O escritório Lins Arquitetos Associados, liderado pelos irmãos Cíntia e George Lins em Juazeiro do Norte, no Ceará, foi convidado pela curadoria da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo para apresentar sua produção em três frentes: o campus do ITA Ceará, o Bloco Multifuncional da Unileão e um pavilhão concebido em parceria com o escritório Rede Arquitetos. Para o Lins, o convite representa o reconhecimento de uma prática que sempre nasceu dos extremos, assim como o tema dessa edição da Bienal. Desde a fundação, o escritório atua no Cariri, uma região de calor intenso e baixa umidade, onde projetar exige soluções de conforto térmico, eficiência energética e uso criterioso de recursos locais.