Criar um projeto seguro e acolhedor para meninas da região de Moçambique, África, foi o objetivo do concurso promovido pela Archstorming em benefício da ONG Kurandza, que busca erguer seu novo centro de ensino e teve um time de brasileiros como vencedor. Klaus Schmidt, do escritório KAS ARQ, está à frente do projeto juntamente com Carolina Souza, Debora Nunes e Juliana Akemi, cujo construção está prevista para 2023. O novo centro contará com salas de aula, creche, áreas de alimentação, lazer e convívio. Pensado para promover a máxima integração entre alunas e professores, o edifício desenhado em ‘U’ permitirá que as crianças explorem, brinquem e aprendam com mais liberdade, já que seu formato privilegia a integração entre alunos e professores.
Entre as premissas adotadas na concepção do espaço, estão a utilização de materiais de origem local, o emprego de sistemas construtivos simples, a autossuficiência energética e o respeito à natureza e às tradições locais. Desse modo, a sustentabilidade foi bastante contemplada no projeto. Além do formato semicircular que assegura a preservação das árvores existentes, foi prevista a instalação de placas fotovoltaicas para captação de energia solar e a construção de reservatórios subterrâneos para armazenamento e reuso da água de chuva.
O conforto do usuário é garantido pelas estratégias de arquitetura bioclimática, como ventilação e iluminação naturais e refrigeração passiva. Tecidos suspensos no teto, por exemplo, contribuem para a absorção sonora e funcionam como uma câmara de contenção de ar quente. Em termos de conforto, o telhado cria um grande caminho coberto ao redor do edifício que protege as salas de aula da luz solar direta e do calor intenso. Janelas pivotantes e painéis lúdicos ajudam a integrar os espaços internos e externos e permitem o controle de luz e ventilação conforme desejado. Feitos de tábuas de madeira pintadas, esses elementos foram pensados para trazer uma atmosfera lúdica e dinâmica ao centro de ensino.
Para Klaus Schmidt, é um momento “de muita felicidade para toda a equipe; estamos em êxtase com a conquista e em poder contribuir com uma causa tão nobre. Estamos contando as horas para ir à Moçambique ajudar na construção do projeto. É um marco em nossas carreiras e em nossas vidas. Não só pela projeção internacional, mas, principalmente, por participar da história da ONG Kurandza”, pontua, ao complementar que por meio desse projeto o time conseguiu demonstrar que não há restrições tecnológicas ou financeiras que impeçam um belo resultado arquitetônico. “É uma conquista da ONG e suas 250 alunas. Um motivo de orgulho para elas, suas famílias e todos os moradores da vila de Chivonguene. Que seja um grande passo para o desenvolvimento da educação feminina na região”, conclui Klaus.