Como preparar os lares para ventos e chuvas extremas – arquiteta responde!
Soluções arquitetônicas e paisagísticas, com ou sem necessidade de reforma, são capazes de proteger as casas dos ventos e chuvas fortes

Nas últimas semanas, diferentes regiões do Brasil — de São Paulo a Santa Catarina e Paraná — registraram temporais intensos, com rajadas de vento próximas a 100 km/h. Esses episódios reforçam como os fenômenos climáticos extremos podem impactar diretamente as casas e apartamentos, seja pelo desgaste de revestimentos, seja pelo aumento do risco de acidentes domésticos. Estar preparado para enfrentar ventos e chuvas fortes torna-se essencial, sobretudo nos períodos de primavera e verão.

É nesse contexto que a arquiteta Maria Fernanda Wiethorn Aliano, fundadora e CEO da we.arch, compartilha com a CASACOR soluções arquitetônicas e de interiores voltadas para aumentar a segurança e o conforto dos moradores. “As maiores vulnerabilidades estão nos pontos de transição entre interior e exterior: caixilharias mal vedadas, telhados mal fixados, juntas de dilatação ausentes. Essas falhas se revelam em pequenos sinais — infiltrações discretas, condensação de umidade nos cantos, rangidos em esquadrias ou mesmo dificuldade de abrir e fechar portas e janelas em dias de vento forte”, alerta.

A arquiteta ainda lembra que, muitas vezes, a própria construção aponta fragilidades que não devem ser ignoradas. “A patologia construtiva quase sempre avisa antes: manchas, trincas capilares, empenamentos. Identificá-las não é apenas manutenção, é leitura crítica do comportamento da edificação diante do clima”. A seguir, reunimos as principais orientações para manter os lares protegidos frente às mudanças climáticas mais severas.
Soluções arquitetônicas contra ventos e chuvas
Quando se está planejando uma construção, existe uma série de soluções arquitetônicas capazes de garantir maior resistência à estrutura. Segundo Maria Fernanda, essa resistência é “resultado de coerência entre materialidade, técnica e intenção arquitetônica“. Pensando nisso, as medidas que a profissional destaca incluem:
- Implantação e volumetria: Considerar a orientação solar e os ventos dominantes já na implantação. Um edifício bem posicionado sofre menos esforços.
- Envoltória de alta performance: Apostar em fachadas duplas, brises móveis, painéis cimentícios termoestáveis e vidros laminados de segurança. Esses recursos reduzem a pressão dos ventos e aumentam o conforto térmico.
- Fundação e estrutura: Prever sistemas de dissipação de cargas horizontais (como contraventamentos e núcleos rígidos), mesmo em prédios de menor porte.
- Tecnologias passivas: Priorizar telhados-jardim que retêm água, calhas superdimensionadas e sistemas de drenagem integrados, que evitam acúmulo e sobrecarga.
Como reduzir os riscos sem precisar de reformas
Para as construções já existentes, também é possível reforçar o nível de proteção contra ventos e chuvas fortes sem a necessidade de grandes transformações estruturais. Nesses casos, a arquiteta elenca ações que parecem pequenas, mas que podem ser decisivas para evitar perdas estruturais maiores. Entre elas, estão:
- Reforço de vedação em caixilharias: Usar silicone estrutural, borrachas de EPDM e ajustar as ferragens.
- Impermeabilização preventiva: Reaplicar mantas em coberturas, revisar rejuntes e selar juntas expostas.
- Revisão estrutural: Contratar engenheiros para verificar o estado de fixação de telhas, pergolados e coberturas leves.
- Gestão da água: Instalar ralos de maior vazão, caixas de retenção e ampliar calhas.
- Proteção de varandas envidraçadas: Avaliar travas e sistemas de ancoragem.
Segurança dos vidros e janelas
Uma das grandes preocupações dos moradores em relação aos ventos e chuvas fortes é a proteção dos vidros e janelas — principalmente nos apartamentos nos andares mais altos! O conselho de Maria Fernanda Wiethorn Aliano para garantir a segurança dessas estruturas é verificar se o sistema segue as normas técnicas, como NBR 10821 ou correlatas. “Vidros devem ser laminados ou temperados de espessura adequada, com perfis de alumínio de alta inércia. As esquadrias precisam ter testes de estanqueidade ao ar e à água, o que pode ser checado com o fornecedor”, detalha.

Além disso, a profissional recomenda atenção aos possíveis sinais de vulnerabilidade, como: infiltração durante chuvas inclinadas, ruídos excessivos em dias de vento, vibração perceptível dos painéis. Ela completa: “Sacadas envidraçadas devem ter sistemas de travamento em múltiplos pontos e perfis ancorados na laje — se estiverem apenas apoiados, há risco”.
Cuidados especiais com áreas externas
Da mesma maneira, as áreas externas também demandam de medidas específicas para resistirem aos ventos e chuvas fortes. As recomendações práticas para o cuidado de ambientes diretamente expostos os fenômenos climáticos variam da seguinte maneira:
- Jardins e varandas: Fixar vasos grandes ao piso, evitar mobiliário leve que possa ser arrastado e usar guarda-corpos com fixação estrutural.
- Coberturas: Revisar fixação de telhas metálicas ou de fibrocimento e garantir sobreposição correta.
- Pergolados e decks: Aplicar tratamento hidrorrepelente em madeiras e verificar ancoragens periodicamente.
- Iluminação e elétrica externa: Proteger caixas de passagem e cabos contra infiltração, usando materiais com IP adequado.
Paisagismo como aliado
Vale destacar o paisagismo como “uma das defesas mais elegantes” contra fenômenos extremos. Árvores bem posicionadas funcionam como barreiras naturais contra ventos, reduzindo a pressão sobre fachadas. Jardins drenantes evitam alagamentos, absorvendo o excesso de água da chuva. Muros verdes e fachadas vegetadas reduzem a temperatura superficial e diminuem a amplitude térmica interna.

Por fim, a arquiteta conclui: “Além do efeito técnico, há também o emocional. Em situações de crise climática, um ambiente integrado à natureza gera sensação de segurança e acolhimento. É a síntese perfeita: natureza e arquitetura atuando juntas para proteger e inspirar”.