Casa de vila em São Paulo resgata memória afetiva dos anos 1920
Projeto assinado pelo escritório KAS ARQ deu vida a uma casa em uma das poucas vilas remanescentes na região do bairro de Jardins
A um passo de assinar um contrato de aluguel de um apartamento, um casal decidiu fazer uma mudança de planos: comprar uma casa de vila, que sempre foi o sonho desde a infância do morador. Construída na década de 1920 pelo seu tataravô, a residência resistiu ao tempo e especialmente à verticalização da cidade de São Paulo.
“Eles amam viajar e explorar o Brasil e isso se reflete na decoração proposta por nós, com detalhes rústicos e peças de artesanato”, conta Klaus Schmidt, à frente da KAS ARQ que assinou o projeto.
A casa de 180 m² é dividida em três andares, e cada um deles bastante setorizado. Para trazer mais amplitude e deixar a casa mais arejada, como o casal desejava, os arquitetos focaram na integração de ambientes, principalmente no térreo.
As paredes do térreo que dividiam a área de TV, jantar e estar foram demolidas e, em seu lugar, foram adicionadas algumas vigas e pilares metálicos para sustentação.
“Demolimos paredes e adicionamos reforços metálicos para conectar toda área social, incluindo a cozinha. Nela, substituímos a antiga bancada de granito por uma nova em concreto aparente, a mesma solução adotada no banheiro do quarto principal, executado em concreto claro, no estilo ‘rústico-chic’, seguindo as referências de Trancoso e Caraíva apresentadas pelos clientes”, conta Schmidt.
O principal desafio dos arquitetos foi trazer um ar mais contemporâneo para a residência centenária e se manter dentro do orçamento dos moradores. Para isso, soluções econômicas foram adotadas. Decidiram preservar a marcenaria existente e envelopá-la com adesivo na cor terracota.
Outra ideia de fácil execução adotada pelos arquitetos foi cobrir com pedriscos brancos o piso antigo da área externa – que trouxe um ar descontraído e divertido para o terraço.
Decoração despojada
Com o objetivo de criar um décor exclusivo e bastante afetuoso, os arquitetos buscaram implementar elementos únicos. “Garimpamos em brechós, antiquários, famílias-vende-tudo e, inclusive, em casas de amigos, de quem compramos itens que estavam guardados ou esquecidos.”
Exemplo disso pode ser muito bem exemplificado pela cadeira vermelha entalhada, do artista Jasson Artesão, natural de Belo Monte, no sertão alagoano. “Suas peças são cobiçadas por colecionadores e já foram expostas internacionalmente”, pontua Schmidt.
Já no âmbito das obras de arte espalhadas pela casa, destaca-se a fotografia da série ‘Brasília Teimosa’, da fotógrafa Bárbara Wagner, a escultura de José Bento, assim como o beija-flor do artista e amigo Adriano Baruffi, que decora a parede de tijolos na sala de jantar.
Na cozinha, artes no azulejo com desenhos feitos à mão foram pensados para compor a decoração do projeto, sintetizando a alegria e o charme contemporâneo da nova residência.