5 capelas pelo Brasil assinadas por grandes nomes da arquitetura
Conheça capelas que revelam a diversidade e riqueza da arquitetura religiosa no Brasil assinados pelos nomes mais proeminentes da arquitetura nacional

A arquitetura religiosa sempre foi um campo para experimentações formais e expressões artísticas profundas. No Brasil, algumas capelas se tornaram ícones não apenas por sua relevância espiritual, mas também pela genialidade de seus autores. Projetadas por arquitetos de distintas épocas e estilos – do barroco mineiro ao modernismo e brutalismo –, essas obras revelam como o espaço sagrado pode ser reinventado por meio da arte, da técnica e da sensibilidade ao contexto. Confira cinco capelas brasileiras assinadas por grandes nomes da arquitetura:
1. Capela Santa Maria dos Anjos – Lina Bo Bardi

Localizada em Vargem Grande Paulista, São Paulo, a Capela Santa Maria dos Anjos foi um projeto realizado por Lina Bo Bardi em colaboração com os arquitetos André Vainer e Marcelo Ferraz, em 1978. Construída com alvenaria de blocos de cimento e revestida com uma mistura de areia, cimento e terra local, a capela é um exemplo da simplicidade e austeridade características da fé franciscana. Sua leveza vem justamente do diálogo com o ambiente natural e da ausência de excessos. A luz natural é filtrada pelas aberturas laterais, o que reforça a espiritualidade do espaço.
2. Igreja de São Francisco de Assis (Igreja da Pampulha) – Oscar Niemeyer

A Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, foi projetada por Oscar Niemeyer em 1943 como parte do conjunto arquitetônico encomendado por Juscelino Kubitschek. Com suas formas curvas e inovadoras para a época, a capela é um marco do rompimento com os modelos coloniais e ecléticos da arquitetura religiosa brasileira. O edifício é coberto por abóbadas parabólicas em concreto armado, que criam um um perfil suave, fluido e escultural. A fachada principal é decorada com painéis de azulejos de Cândido Portinari, que retratam cenas da vida de São Francisco de Assis. Os jardins são de autoria de Roberto Burle Marx, que utilizou espécies nativas, curvas orgânicas e composição cromática nos canteiros. Declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2016, a igreja é um dos maiores exemplos da síntese das artes promovida pelo modernismo nacional.
3. Igreja de São Francisco de Assis – Aleijadinho

Situada em Ouro Preto, Minas Gerais, a Igreja de São Francisco de Assis é uma obra-prima do barroco mineiro e do legado de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Erguida entre 1766 e 1771, a igreja é um testemunho da habilidade escultórica e arquitetônica do artista, que também assina os elementos em pedra-sabão da fachada e o projeto geral do edifício. A planta segue o modelo típico das igrejas setecentistas mineiras, com nave única, capela-mor elevada e torre dupla. A fachada é o grande destaque, com volutas e frontão ondulado, características do estilo rococó. A combinação entre pintura e arquitetura cria uma atmosfera de intensa emoção barroca, onde a arte se coloca a serviço da fé.
4. Igreja São Bonifácio – Hans Broos

A Igreja São Bonifácio, em São Paulo, é uma das obras mais expressivas do arquiteto Hans Broos. Construída entre 1964 e 1966 para atender à comunidade luterana de origem alemã, a igreja se destaca pela contundência de suas formas e pelo uso quase escultural do concreto aparente que representa o brutalismo paulista. A volumetria da igreja lembra uma fortaleza espiritual: paredes altas, com poucas aberturas e iluminação indireta, que criam um espaço introspectivo e silencioso, inclusive com seu interior preenchido por um altar minimalista, sem ornamentos.
5. Capela Nossa Senhora de Fátima – Oscar Niemeyer

Inaugurada em 1958, a Capela Nossa Senhora de Fátima é considerada o primeiro templo católico em alvenaria de Brasília. Com traços leves e modernos, Niemeyer optou por uma estrutura que remete ao formato do chapéu de freiras, sustentada por três pilares que formam uma laje triangular inclinada. O interior da igreja tinha pinturas de Alfredo Volpi, que foram cobertas por tinta azul nos anos 1960. Em 2009, Francisco Galeno criou novas pinturas inspiradas na obra de Volpi. Já a fachada externa é adornada com azulejos de Athos Bulcão, apresentando figuras como a Estrela de Belém e a Pomba do Espírito Santo. A obra revela a habilidade de Niemeyer em traduzir a fé por meio da geometria pura e da relação com a luz.