O São Paulo Fashion Week, que celebra três décadas de história, começou com um gesto simbólico: o desfile do estilista João Pimenta transformou a Biblioteca Mário de Andrade, ícone cultural e arquitetônico da capital paulista, em passarela. A apresentação abriu oficialmente a temporada de moda e reforçou a proposta do evento de ocupar espaços urbanos que traduzem a identidade da cidade.
Em sintonia com a locação, a marca substituiu o convite tradicional por livros de poesia de autores como Cecília Meireles, Pablo Neruda, Mário de Andrade e Castro Alves, um gesto que aproximou a moda da literatura e da história do espaço.
100 anos da Biblioteca Mário de Andrade
Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo e inaugurada em 1926 na Rua Sete de Abril, a Biblioteca Mário de Andrade é uma das mais importantes instituições culturais do país. É hoje a maior biblioteca pública da cidade e a segunda maior do Brasil, atrás apenas da Biblioteca Nacional.
O edifício atual, localizado na Rua da Consolação, foi construído entre 1935 e 1942 pelo arquiteto francês Jacques Émile Paul Pilon, durante um período de intensas transformações arquitetônicas e urbanas no centro paulistano. Com traços do modernismo brasileiro e influência art déco, o prédio se destaca pela imponência das colunas, pela simetria das linhas e pela integração entre estética e funcionalidade.
A Biblioteca leva o nome de Mário de Andrade em reconhecimento à contribuição do escritor para a vida cultural e artística de São Paulo. Poeta, romancista, crítico e gestor público, Mário foi um dos grandes articuladores do Modernismo e teve papel decisivo na valorização da arte, da pesquisa e da preservação do patrimônio no Brasil.
Durante sua atuação como diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, na década de 1930, ele idealizou ações pioneiras na formação de acervos, criação de bibliotecas e incentivo à produção cultural.
Ao completar 100 anos, a Biblioteca reafirma sua vocação como espaço vivo de cultura e convivência. O edifício volta a receber atividades culturais, exposições e performances, reaproximando o público de um dos grandes marcos da vida intelectual paulistana.
A nova leitura da alfaiataria por João Pimenta
Conhecido por desconstruir os códigos tradicionais do terno masculino, o estilista apresentou uma coleção que combina modelagens amplas, tecidos naturais e uma estética que mistura o clássico ao esportivo. Linho, algodão e poliamida compõem uma cartela leve e funcional, pensada para o corpo brasileiro e para o clima tropical.
O listrado, elemento-chave da estação, atua como elo entre tradição e modernidade, reforçando o olhar de Pimenta sobre a moda como uma linguagem em constante transformação. A coleção traduz atitude, conforto e versatilidade, reforçando o lugar da alfaiataria como expressão de identidade e liberdade.
