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Bambu na arquitetura é usado para construções sustentáveis

Sustentável, versátil e elegante, o bambu transforma a arquitetura com inovação, unindo tradição e ecologia em projetos marcantes pelo mundo

Por Chrys Hadrian
28 mar 2025, 11h00

O bambu tem sido utilizado há séculos na construção civil, mas, nos últimos anos, vem ganhando ainda mais destaque como uma alternativa sustentável e inovadora na arquitetura.

Sua versatilidade permite que ele seja empregado tanto em estruturas simples quanto em projetos arquitetônicos sofisticados e arrojados. Além de ser um material de rápido crescimento e renovável, o bambu possui resistência comparável a de algumas madeiras nobres e até mesmo ao aço, tornando-se uma solução viável para diversas aplicações.

Faouzi Jabrane e Yann Barnet - El Guadual. Projeto da CASACOR Peru 2023.
Faouzi Jabrane e Yann Barnet – El Guadual. Projeto da CASACOR Peru 2023. (Sebastian Aparicio/CASACOR)

Origem do bambu na arquitetura

O bambu é um dos materiais de construção mais antigos do mundo, sendo utilizado há milhares de anos em diversas civilizações, especialmente na Ásia, América Latina e algumas regiões da África. Na China e no Japão, o bambu sempre foi um elemento essencial na arquitetura tradicional, aparecendo em casas, templos e jardins.

No Sudeste Asiático, sua leveza e resistência permitiram a construção de moradias suspensas, adaptadas ao clima tropical e às frequentes enchentes. Já na América Latina, povos indígenas exploravam suas propriedades estruturais para erguer habitações flexíveis e duráveis. Essa longa trajetória consolidou o bambu como um recurso fundamental para a arquitetura sustentável e vernacular.

Na aldeia de Hengkeng, em Fujian, no sudeste da China, a arquiteta Xu Tiantian projetou um teatro inovador que celebra a importância do bambu na cultura chinesa. Uma obra que reflete a harmonia entre tradição e sustentabilidade, utilizando o bambu como material principal para criar uma estrutura única e ecológica.
Na aldeia de Hengkeng, em Fujian, no sudeste da China, a arquiteta Xu Tiantian projetou um teatro inovador que celebra a importância do bambu na cultura chinesa. (Ziling Wang/Divulgação)

Sustentabilidade

O bambu é amplamente considerado um dos materiais mais sustentáveis da construção civil. Seu crescimento rápido – algumas espécies chegam a crescer mais de um metro por dia – e sua capacidade de regeneração o tornam uma alternativa promissora à madeira convencional. Além disso, sua eficiência na absorção de CO2 contribui significativamente para a redução da pegada de carbono.

Comunidade Casa de Bambu perto da Grande Muralha (Bamboo House Commune by the Great Wall) - Kengo Kuma.
Comunidade Casa de Bambu perto da Grande Muralha (Bamboo House Commune by the Great Wall) – Kengo Kuma. (AsAuSo/Wikimedia Commons/Divulgação)

No entanto, para que o bambu seja de fato sustentável, é preciso atenção ao seu manejo e ao tratamento químico frequentemente necessário para aumentar sua durabilidade. O uso de produtos químicos pode comprometer seu caráter ecológico, assim como a exploração predatória pode impactar negativamente o meio ambiente.

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Dessa forma, o cultivo responsável e o processamento adequado são fundamentais para garantir que o bambu permaneça uma escolha viável para a construção sustentável.

Tipos de bambu e suas aplicações

Casa na montanha possui vista espetacular para a Serra das Araras. Projeto de Andrea Chicharo. Na foto, área de lazer com piscina e jardim. Pergolado de bambu.
Projeto de Andrea Chicharo. (André Nazareth/CASACOR)

Existem mais de 1.500 espécies de bambu, mas algumas se destacam na construção civil:

  • Bambu-mossô (Phyllostachys edulis): muito utilizado na Ásia, especialmente no Japão e na China, por sua resistência e beleza estética.
  • Guadua angustifolia: nativa da América do Sul, é conhecida por sua resistência estrutural e usada em grandes edificações.
  • Dendrocalamus asper: popular no Sudeste Asiático, apresenta alta resistência e grande porte.

O bambu pode ser empregado de diversas formas na arquitetura, desde a estrutura de edifícios até acabamentos e elementos decorativos.

Ele é usado em revestimentos de paredes, pisos, forros e móveis, além de ser um material popular na construção de pontes, passarelas e pavilhões temporários. Sua flexibilidade e leveza permitem a criação de projetos inovadores, proporcionando não apenas funcionalidade, mas também um apelo estético diferenciado.

Ney Filho - Comedoria 3.A Comedoria 3, espaço em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, é um ambiente que celebra o design local e a designação da cidade como Cidade Mundial do Design pela UNESCO. A área de 130 m² reflete a cultura cearense através de elementos naturais e rústicos, como bambu, pedra e madeira. Inspirado na natureza, destaca-se por uma cobertura de bambu de estrutura parametrizada, que se estende do topo do mezanino em arcos e tramas irregulares até o chão. Essa cobertura protege um espaço arquitetônico de taipa de pilão e alvenaria, convidando as pessoas a compartilharem experiências culinárias e de design.
Ney Filho – Comedoria 3. Projeto da CASACOR Ceará 2023. (Esdras Guimarães/CASACOR)

Exemplos de projetos

O bambu tem sido cada vez mais explorado na arquitetura contemporânea, resultando em projetos inovadores e sustentáveis ao redor do mundo. Alguns exemplos incluem:

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  • Green School Bali (Indonésia): um complexo educacional construído quase inteiramente de bambu, servindo como um modelo de arquitetura sustentável.
  • Pavilhão de Bambu da Expo Xangai 2010: projetado pelo arquiteto Simon Velez, esse pavilhão demonstrou a viabilidade do bambu como material para grandes estruturas.
  • Casas modulares na Colômbia: o governo colombiano incentivou o uso de bambu guadua para a construção de moradias populares resistentes a terremotos.

Vantagens e Desvantagens

Vantagens:

  • Renovável e sustentável
  • Leve, porém resistente
  • Flexível e adaptável a diversas estruturas
  • Baixo impacto ambiental
  • Estética natural e elegante

Desvantagens:

  • Sensível à umidade e pragas, exigindo tratamento adequado
  • Durabilidade inferior à de algumas madeiras convencionais se não for bem tratado
  • Processamento e transporte podem afetar sua pegada ecológica
Leo Romano - Cabana do Lago. Projeto da CASACOR Brasília 2023.
Leo Romano – Cabana do Lago. Projeto da CASACOR Brasília 2023. (Edgard Cesar/CASACOR)

Cuidados no uso

Para garantir a longevidade do bambu na construção, alguns cuidados são indispensáveis. O tratamento contra fungos e insetos pode ser feito com métodos naturais ou químicos, sendo essencial para evitar a degradação do material. A secagem adequada também é um passo crucial, pois reduz o risco de rachaduras e deformações ao longo do tempo. Além disso, técnicas específicas de construção devem ser aplicadas para minimizar o contato do bambu com a umidade, prevenindo seu apodrecimento prematuro.

Pavilhão de bambu Vinata, em Hanói, Vietnã. Projeto do escritório VTN Architects.
Pavilhão de bambu Vinata, em Hanói, Vietnã. Projeto do escritório VTN Architects. (Hiroyuki Oki/Divulgação)

Arquitetos trabalham com bambu

Vários arquitetos renomados têm explorado o bambu como elemento central em suas criações, especialmente no Japão e na Ásia. Kengo Kuma, um dos mais prestigiados arquitetos japoneses, é conhecido por integrar materiais naturais em suas obras, destacando-se pelo uso inovador do bambu.

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O vietnamita Vo Trong Nghia também se tornou referência na arquitetura sustentável, criando projetos que combinam funcionalidade, estética e impacto ambiental reduzido.

Outro nome importante é o colombiano Simon Velez, que revolucionou o uso do bambu na construção de grandes estruturas, demonstrando sua viabilidade como alternativa ecológica ao concreto e ao aço.

Estrutura de bambu projetada pelo arquiteto colombiano Simon Velez para um campus na América do Sul.
Estrutura de bambu projetada pelo arquiteto colombiano Simon Velez para um campus na América do Sul. (EPFL/Divulgação)

 

 

CASACOR Publisher é um agente criador de conteúdo exclusivo, desenvolvido pela equipe de Tecnologia da CASACOR a partir da base de conhecimento do casacor.com.br. Este texto foi editado por Yeska Coelho.

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